Julianna Sofia

Jornalista, secretária de Redação da Sucursal de Brasília.

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Caixa eleitoral

Temer atropela conselho da Caixa e faz uso eleitoral do banco

Os presidentes da Caixa Econômica Federal, Gilberto Occhi (ao fundo), e da República, Michel Temer, durante evento do banco em Brasília
Os presidentes da Caixa Econômica Federal, Gilberto Occhi (ao fundo), e da República, Michel Temer, durante evento do banco em Brasília - Ueslei Marcelino - 1º.fev.2018/Reuters

O presidente Michel Temer não quer prescindir da Caixa Econômica Federal no experimento eleitoral em que passou a acreditar. Por isso, tomou partido do presidente do banco estatal, Gilberto Occhi (PP), na querela entre o pepista e o Ministério da Fazenda sobre os financiamentos a estados e municípios sem o aval da pasta.

O Conselho de Administração da Caixa, comandado pela chefe do Tesouro Nacional, Ana Paula Vescovi, vetou novos empréstimos a governadores e prefeitos por ver ilegalidade nas garantias (receitas tributárias) dessas operações. A medida imobilizou R$ 19 bilhões que poderiam jorrar nos cofres estaduais e municipais, beneficiando os partidos adeptos do temerismo e o próprio emedebista a alguns meses das eleições.

Temer mandou a Advocacia-Geral da União tirar coelho da cartola, e a ministra Grace Mendonça produziu um parecer que terá o condão de sanar os problemas para permitir a retomada dos financiamentos. A blindagem das operações inclui uma tentativa de articulação palaciana com o TCU, que tem mostrado pulso firme ao auditar contratos geridos pelos bancos públicos.

Em janeiro, a cúpula da Caixa balançou por supostamente sofrer ingerência política e montar um balcão de negócios na instituição. Sobre Occhi foi lançada a suspeita de pedir propina para repassar a seu partido. A acusação veio de um personagem conhecido no roteiro da Lava Jato: Lúcio Funaro. O corretor disse a investigadores que o político tinha meta de propina com o PP. Desde a eclosão dos fatos, alguns vice-presidentes do banco foram trocados e um estatuto mais rígido, aprovado.

Em meio ao embate Fazenda versus Caixa, Occhi aparece como favorito para herdar o Ministério da Saúde, com a saída do correligionário Ricardo Barros na próxima semana. Lá ou cá, administrará bilhões em recursos com elevado potencial de geração de dividendos eleitorais —e de esqueletos fiscais também.

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