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A nova 'onda rosa' latino-americana e as relações com a China

Desde 2018, com a vitória de AMLO no México, cresce onda que se completa com a chegada de governos progressistas ao poder

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Leandro M. Bona

Pesquisador na área de Economia e Tecnologia da FLACSO. Doutor em Desenvolvimento Econômico pela Universidade Nacional de Quilmes (UNQ)

As recentes eleições na Colômbia ratificaram uma tendência que vem se manifestando na América Latina desde 2018: o retorno ou a chegada ao poder de governos progressistas. Apesar desta mudança política, as dificuldades econômicas que a América Latina vem enfrentando desde meados da última década estão longe de serem superadas. As tendências à concentração de renda e o aumento da pobreza, que haviam sido invertidas durante a "onda rosa", voltaram reforçadas pelos efeitos da pandemia de Covid-19 e da Guerra da Ucrânia. Neste contexto, a integração regional e o papel da China na região são dois desafios fundamentais.

Uma segunda 'onda rosa', sob o signo da moderação

Desde 2018, com a vitória de Andrés López Obrador no México, surgiu uma nova "onda rosa" que se completa com a chegada ao poder de governos progressistas na Argentina, Bolívia, Chile, Peru, Equador, El Salvador, Colômbia e, possivelmente, Brasil em um futuro próximo.

Apoiadores de Andrés Manuel López Obrador celebram na praça Zócalo, na capital mexicana, após resultados preliminares das eleições
Apoiadores de Andrés Manuel López Obrador celebram na praça Zócalo, na capital mexicana, após resultados preliminares das eleições - Guillermo Arias/AFP

Até o momento, este segundo ciclo mostra uma diferença em relação à experiência anterior: sem as condições externas positivas do início do século e sob o legado de uma estrutura produtiva desintegrada, os governos não parecem estar empreendendo grandes projetos transformadores.

De fato, além da redução da pobreza e das melhorias distributivas do ciclo 2002-2015, as modalidades de geração de excedentes, principalmente a extração de rendas primárias ou a intensificação de atividades de baixo valor agregado, débeis nos vínculos produtivos e na inovação tecnológica, permaneceram praticamente inalteradas. Sim, se modificou parcialmente a apropriação desse excedente, através de melhorias nos ingressos salariais diretos e indiretos e, menos intensamente, seu destino, já que a fuga de capitais deu um salto desde a crise de 2008.

Em um cenário externo desfavorável, os governos deste segundo ciclo progressivo enfrentam o duplo desafio de fazer o que já fizeram –melhorar a distribuição dos rendimentos e ampliar direitos– e, ao mesmo tempo, fazê-lo de forma distinta, não apenas incidir na apropriação do excedente, mas também em sua geração.

Até o momento, dadas as circunstâncias, a moderação econômica tem prevalecido através de políticas monetárias e fiscais prudentes, após o choque de gastos durante a pandemia. Aparecem na agenda modificações no sistema tributário para dotá-lo de maior progressividade. Enquanto isso, as aspirações de modificar a matriz produtiva parecem ter sido arquivadas, no marco de uma aposta pela intensificação de atividades extrativistas primárias.

A necessidade de divisas conspira assim contra a redefinição dos mecanismos de obtenção desses recursos. Não só a intensificação de atividades primário-extrativistas tem a desvantagem de implicar menores redes produtivas locais ou regionais do que outras tarefas, mas também tem sido questionada por seu impacto ambiental. Nesta tendência, torna-se de maior importância a presença da China, a potência ascendente que mais investe nelas.

Os desafios da integração e a potencialidade da China

Nesta perspectiva aberta pelos governos progressistas, reemerge a aposta pela integração. O restabelecimento dos organismos de coordenação que foram deixados de lado durante o período de governos conservadores aparece como uma primeira resposta. Também a novidade do México como uma potencial peça central. Entretanto, a falta de coordenação entre os países ainda prevalece, um aspecto que ficou evidente nas estratégias diante da pandemia.

O desafio da integração está geopoliticamente ligado a um contexto no qual a China e sua capacidade de investimento, financiamento e implantação comercial marcam um novo cenário. A iniciativa do Cinturão e Rota, lançada por Pequim, reúne 21 países latino-americanos. Entretanto, esta possibilidade surge em um momento em que a própria China decidiu não conceder empréstimos à região desde 2020, no marco de seu próprio processo de desaceleração econômica e a crescente rivalidade com os Estados Unidos.

Embora a iniciativa Cinturão e Rota possa abrir oportunidades para o desenvolvimento da infra-estrutura na região, requer uma estratégia coordenada onde as complementaridades regionais sejam aprimoradas. Haverá uma estratégia comum desta vez?

* Este texto foi originalmente publicado no site da REDCAEM
*Tradução do espanhol por Giulia Gaspar

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