Esquerdista AMLO é eleito no México e promete liberdade a empresas e imprensa

Em sua terceira tentativa, López Obrador obtém mais da metade dos votos em turno único

Cidade do México

O esquerdista Andrés Manuel López Obrador, 64, transformou-se, no domingo (1º), no presidente eleito com maior respaldo na história do México. Os resultados, com 69% dos votos computados, mostravam uma dianteira de 53,2%, contra seus opositores, o centrista Ricardo Anaya (22,5%) e o governista José Antonio Meade (16%).

A vitória, porém, já era tão evidente a partir das bocas de urna independentes e das dos partidos políticos que seus dois rivais reconheceram a derrota 45 minutos depois de fechadas as urnas e mais de duas horas antes de sair o primeiro resultado preliminar oficial do INE (órgão eleitoral). Logo depois, líderes internacionais, como Juan Manuel Santos (Colômbia) e Donald Trump (EUA), também comentavam o resultado.

A apuração dos votos para o Congresso, com a mesma porcentagem apurada, mostra que o Morena (Movimento de Regeneração Nacional) de López Obrador ganhou o maior número de vagas na Câmara de Deputados (37,7%) e no Senado (37,5%). A segunda força política em ambas as Casas deve ser o PAN de Anaya, que vinha com 18% em cada uma delas. Já o PRI de Meade, tem, a essa altura da contagem, ao redor de 16% nas duas Casas.

A partir das 21h30 (23h30 de Brasília), as principais ruas e avenidas da Cidade do México foram tomadas por intenso tráfego de carros com bandeiras do Morena e do México, enquanto AMLO (como é conhecido o presidente eleito) se dirigia primeiro ao hotel Hilton, onde deu seu primeiro discurso, e depois ao Zócalo (imensa praça histórica do México), onde o aguardavam milhares de pessoas.

Apoiadores de Andrés Manuel López Obrador celebram na praça Zócalo, na capital mexicana, após resultados preliminares das eleições - Guillermo Arias/AFP

Em sua primeira intervenção, deu algumas das linhas básicas do que será seu governo. “Haverá liberdade empresarial, de expressão, de associação, sexual e de crenças”, disse. 

Com relação à economia, disse que o Estado estaria mais presente para garantir a melhoria de vida dos mais pobres. Porém, afirmou que respeitaria “a autonomia do Banco do México e que compromissos contraídos com empresas nacionais e estrangeiras no governo anterior serão cumpridos, e tampouco haverá confiscos ou expropriações”.

Reforçou que “desterrar a corrupção” será uma prioridade, e afirmou que esta é a grande responsável pela violência no país. Em relação à segurança, disse que haverá um “comando único”, e que todas as manhãs, às 6h, se reunirá com os comandos das forças de segurança, para informar-se e coordenar as ações do dia. 

Prometeu melhorar as prisões e facilitar a reinserção de presos recém-libertos das cadeias.
Disse que ninguém terá foro privilegiado ou obstrução para ser investigado, “nem o presidente, nem os funcionários do governo, nem amigos, nem familiares”.

Afirmou ainda que buscará uma relação de amizade e cooperação para o desenvolvimento com os EUA, um elo fincado "no respeito mútuo e na defesa dos nossos migrantes”.

Enquanto isso, no Zócalo, a festa rolava ao som de mariachis. As palavras de AMLO ali foram poucas. Ele se resumiu a dizer que seu governo será “do povo e para o povo” e que as “aposentadorias e pensões irão dobrar”.

E finalizou com o discurso que sensibilizou a maioria de seus votantes nas zonas mais pobres do país, seus principais eleitores: “Escutaremos a todos, respeitaremos a todos, mas daremos preferência aos mais humildes e esquecidos, em especial, às populações indígenas”.

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