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Eleições no Paraguai: 70 anos de hegemonia do Partido Colorado

Acordo de Itaipu e relação com a China serão pontos de destaque do novo governo

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Christopher Mendonça

Professor de relações internacionais do Ibmec-BH

Importantes analistas políticos que conhecem de perto a dinâmica eleitoral no Paraguai defenderam que o pleito presidencial de 2023 seria muito acirrado. Levantamentos apresentados por diversos institutos de pesquisa colocavam em dúvida se o Partido Colorado permaneceria no poder por mais cinco anos, mantendo uma hegemonia de sete décadas, ou se deixaria uma janela de oportunidade para outro grupo político.

Com quase todos os votos contabilizados pela autoridade eleitoral do país, o resultado final já está definido: com uma vitória folgada, de mais de 15 pontos percentuais de vantagem, o representante do Partido Colorado, Santiago Peña será o governante de todos os paraguaios por mais um mandato presidencial.

Peña venceu um grupo bastante heterogêneo –o Concertación Nacional–, que tinha como candidato o ex-deputado federal paraguaio Efraín Alegre. Ao alcançar o direito de ocupar o Palácio López –a sede da Presidência do país–, o conservador que já foi ministro da Economia sela a grande capacidade do seu partido em vitórias nacionais.

O Partido Colorado teve como um de seus principais expoentes o ditador Alfredo Stroessner, que governou o Paraguai por quase 35 anos, figurando como um dos mais longevos governantes de toda a América Latina. A partir de 1989, quando a democracia retornou ao cotidiano paraguaio, o mesmo partido venceu todas as eleições, com exceção da vitória do presidente Lugo, que governou o país entre 2008 e 2012 e foi impedido de continuar o seu mandato por decisão do Legislativo.

Embora o novo presidente seja considerado um político sem grande experiência administrativa, é sabida a sua forte ligação com o ex-presidente Horácio Cartes, que governou o país entre 2013 e 2018 e foi considerado como um nome controverso, em razão de vários escândalos políticos e econômicos envolvendo a sua atuação no país.

O presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña - Norberto Duarte/AFP

Diante das críticas apresentadas nas últimas semanas, que poderiam ser vantajosas para os seus adversários, Peña buscou apresentar-se como um candidato independente de seu principal apoiador. Dono de um discurso bastante conservador, o novo presidente enfrentará um contexto bastante difícil de ser contornado. A economia paraguaia apresentou, nos últimos anos, resultados que colocam as autoridades do país em um estado de muita preocupação. A população sofre com tão negativos índices econômicos.

É importante ressaltar que, embora tenha sido vencido na corrida eleitoral de 30 de abril de 2023, o líder de direita Payo Cubas (Cruzada Nacional) também apresentou-se como um candidato que ultrapassou todas as expectativas. Apresentando-se como um representante antissistema, Cubas foi, em algumas circunstâncias, comparado à Donald Trump e ao ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro. Ao conquistar 23% dos votos válidos, o candidato acendeu o alerta de que a direita não está sufocada na América Latina e que há chances de ampliar a polarização política no país nos próximos anos.

Ademais evidenciam-se dois pontos muito relevantes da política exterior paraguaia que serão tópicos de decisão do novo presidente. O primeiro deles refere-se à reconfiguração do tratado assinado em 1973 entre o Brasil e o Paraguai referente à usina de Itaipu. Peña deverá negociar novos termos do acordo com o presidente Lula, que foi, inclusive, um dos primeiros a parabenizar o candidato por sua vitória.

O segundo tópico diz respeito à posição paraguaia de ser o único país da América do Sul a legitimar as demandas de Taiwan, posicionando-se contra a dominação da ilha pelos chineses. Com Peña, essa decisão deve ser mantida, podendo atrapalhar os fluxos comerciais da China com paraguaios e demais parceiros comerciais.

O Paraguai é signatário do Tratado Constitutivo do Mercosul –o Tratado de Assunção– e negocia em coletividade com o Brasil, o Uruguai e a Argentina uma série de acordos comerciais extrabloco. Embora Peña não seja um crítico da parceria, que ultrapassa 30 anos de duração, as projeções do bloco podem variar a depender das diretrizes estabelecidas pelo novo governo.

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