Luciana Coelho

Secretária-assistente de Redação, foi editora do Núcleo de Cidades, correspondente em Nova York, Genebra e Washington e editora de Mundo.

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Luciana Coelho
Descrição de chapéu Maratona Séries jornalismo

Ousadia marca surgimento das sitcoms e história centenária da Folha

Jornal lançou em 2013 a primeira coluna, um espaço fixo e exclusivo, de séries em um grande veículo

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Em 1921, quando esta Folha surgia, a televisão era embrionária. Existiam protótipos, mas demoraria até o final da década para que ela fosse lançada e outros dez anos para que assumisse uma forma semelhante àquela que conhecemos.

Nada de TV, nada de séries. O que deixava o público vidrado eram os folhetins, aventuras e romances publicados em capítulos pelos jornais. Este jornal não publicou, em sua origem, nenhum folhetim, mas o faria nas duas décadas seguintes, tanto com histórias inéditas quanto com versões serializadas de romances estrangeiros de tradução estrelada.

A comédia de situação roteirizada em capítulos só surgiria nos Estados Unidos em 1947, quando a TV se projetava como meio de comunicação de massa. E por acaso.

Os registros apontam "Mary Kay & Johnny", de 1947, como a primeira série de TV. Foi criada, escrita, produzida e encenada por Mary Kay e John Stearns e tratava dos contratempos de um casal de classe média nova-iorquino, com exibição semanal e duração de 15 a 30 minutos.

Quando estreou em novembro de 1947 na rede de TV DuMont, era filmada ao vivo; no ano seguinte, já na grande NBC, passaria a ser gravada. Infelizmente, poucos trechos dela sobrevivem em arquivos físicos nos EUA.

É possível, porém, assistir a entrevistas dos dois, casados até a morte dele em 2001, e saber que a série surgiu a partir de um "bico" de Mary Kay como modelo televisiva para uma confecção que patrocinava o canal. Sem ver futuro no programete, John sugeriu ao patrocinador transpor para a TV as comédias domésticas radiofônicas.

Levou menos de duas horas para escrever o script com a mulher, que ele dizia refletir a rotina doméstica dos dois, mas com ressalvas, "porque se fosse igual, não acreditariam em nós". Juntos, ganhavam US$ 50 —US$ 586 hoje, calculada a inflação— por episódio.

A atriz Lucille Ball interpreta a dona de casa Lucy em cena da série 'I Love Lucy' - Divulgação

"Mary Kay & Johnny" durou três anos e é pouco lembrada. Não é difícil, contudo, enxergar na premissa sucessos futuros, de "I Love Lucy" a "Mad about You" (na derradeira temporada desta última, em 1999, Helen Hunt e Paul Reiser ganharam, cada um, US$ 1,57 milhão por episódio, em valores atuais).

Outro mundo, e a fórmula dos Stearns sobrevive, mesmo com a segunda era de ouro da TV, quando as produções televisivas passaram a concorrer em prestígio com o cinema, mesmo com a avalanche do streaming.

Daí para lembrar quantas vezes esta Folha se reinventou, sempre construindo sobre experiência sólida. E ousou. Ousou, por exemplo, ao lançar em 2013 a primeira coluna de séries em um grande veículo (havia colunas de TV e blogs dedicados; um espaço fixo e exclusivo, não).

Acrescento o meu à longa lista de agradecimentos a esta minha casa há 19 anos.

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