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SOS Mata Atlântica vai monitorar água da bacia do Paraopeba

Brumadinho possuía 15 mil hectares de remanescentes do bioma e estava dentro da área protegida

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“Nosso rio está morto”, disse o cacique Hayó, da aldeia indígena Nao Xohã, dos Pataxó, na manhã do último sábado (26). A aldeia, onde vivem 18 famílias, fica a 22 km de Brumadinho, em São Joaquim de Bicas, Minas Gerais. Seu lamento foi registrado por reportagem do G1.

Antes da chegada da lama, a água do rio que está morto era clara e dava para ver as pedras no fundo, naquela porção de terreno.

Corvinas, curimbatás, surubins e dourados eram atrativo da pesca na bacia do Paraopeba, que tinha mais de 80 espécies de peixes. Recém-saída da época de desova, a região estava repleta de alevinos e peixes pequenos, de acordo com relato da Fundação SOS Mata Atlântica.

Indígenas Pataxó Hã-hã-hãe vivem na aldeia Naõ Xohã, às margens do rio Paraopeba
Indígenas Pataxó Hã-hã-hãe vivem na aldeia Naõ Xohã, às margens do rio Paraopeba - Lucas Hallel/Ascom/Funai
 

Para avaliar os danos ambientais causados pelo rompimento da barragem de rejeitos da mineradora Vale, na Mina do Feijão, no último dia 25, o SOS vai percorrer o rio Paraopeba, que está atualmente com água vetada para uso.

O rompimento resultou em pelo menos 110 mortos e, na noite da quinta (31), 238 pessoas ainda estavam desaparecidas.

Casas, construções, plantações e animais foram dragados pela lama. Áreas naturais da Mata Atlântica e matas ciliares também foram arrasadas. Destroços de tudo o que havia estão sendo conduzidos junto com a água pelo curso do Paraopeba.

A mistura de rejeitos de mineração, lama e metais pesados deixam os rios sem oxigênio, dizimando peixes, anfíbios, insetos e organismos responsáveis pelo equilíbrio do ambiente aquático. 

A expedição quer verificar o impacto numa área total de 252 hectares e o potencial de alcance a outras regiões. A bacia do Paraopeba corresponde a 5,14% do território da bacia do São Francisco. É vital para o abastecimento de Belo Horizonte.

Segundo Malu Ribeiro, especialista em Água da Fundação SOS Mata Atlântica, não é possível ainda saber quando a mistura vai chegar à foz do São Francisco e como a bacia será afetada.

Especialistas do SOS e do laboratório de Poluição Hídrica da Universidade de São Caetano do Sul vão analisar indicadores físicos, químicos, biológicos e bacteriológicos do rio em 20 locais, com intervalos de 40 km. A iniciativa visa fornecer dados independentes e dar transparência sobre a situação do local.

Além do avaliarem grau de oxigenação das águas, estão rastreando a quantidade de metais pesados. Os rejeitos de minério são muito finos, de difícil retirada, e podem ficar muitos anos no ambiente. O rio está morto, como diagnosticou Hayó, por extensão e tempo indeterminados ainda.

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