Mara Gama

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Florianópolis caminha para ser zona livre de agrotóxico

Assembleia do Paraná já tem projeto semelhante para a região metropolitana de Curitiba

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Uma boa notícia para o meio ambiente, nesses tempos sombrios de queimadas, violência contra lideranças comunitárias e indígenas e ataques do governo federal aos sistemas de monitoramento e proteção ambiental.

Na terça, 24 de setembro, foi aprovada por unanimidade na Câmara de Vereadores de Florianópolis uma lei que determina que a cidade é zona livre de agrotóxico

Será a primeira cidade do país. 

E já há um projeto com conteúdo semelhante, protocolado em 4 de junho, na Assembleia Legislativa do Paraná, prevendo que Curitiba e toda a sua região metropolitana (29 municípios) sigam o mesmo caminho.

A tramitação da lei, de autoria do vereador Marquito (PSOL), começou no ano passado. Ela ainda precisa da sanção do prefeito. Entra em vigor um ano após a publicação.

A lei proíbe o uso e o armazenamento de agrotóxicos para a produção agrícola, a pecuária, o extrativismo e as práticas de manejo dos recursos naturais.

Um dos objetivos é o de “fomentar o desenvolvimento dos setores econômicos voltados para produção,  comercialização e uso de produtos fitossanitários, insumos de origem biológica e naturais (...) apropriados para a produção orgânica e de base agroecológica, contribuindo para a segurança alimentar e nutricional e o direito humano à alimentação adequada”.

O projeto pretende esclarecer a população e os trabalhadores do campo sobre os riscos dos agrotóxicos. 

Além disso, desenvolver a produção rural orgânica, sustentável e de base agroecológica, incentivar o cooperativismo e o associativismo na produção e comercialização dos produtos, incentivar a prevenção e recuperação dos recursos hídricos e dos solos e criar incentivos fiscais para que produtores rurais consigam fazer a transição para a produção orgânica ou de base agroecológica.
 
“A lei não está sozinha, ela faz parte de uma agenda positiva que estamos defendendo e que deu um passo importante com a aprovação da Política Municipal de Agroecologia e Produção Orgânica de Florianópolis”, diz Marquito.

“Esse conjunto de políticas quer a transição agroecológica, que muda o sistema produtivo e contribui para o desenvolvimento sustentável”, diz o vereador.

Em Santa Catarina, o Ministério Público Estadual monitora a presença de resíduos de agrotóxicos em vegetais. 

Em 2017, 54,36% dos produtos analisados apresentaram resíduos e 18,12% dos produtos estavam fora da conformidade legal. 

“Uma investigação no Estado revelou que cerca de 50 milhões de abelhas morreram envenenadas por agrotóxicos. Eliminar o uso de agrotóxicos é uma questão de saúde, tanto humana quanto do meio ambiente”, diz Marquito.

Ponte Hercílio Luz, um dos cartões postais de em Florianópolis (SC)
Ponte Hercílio Luz, um dos cartões postais de em Florianópolis (SC) - Edgar Lopes - 15.mai.2019/Folhapress

PARANÁ

No Paraná, foi protocolado em 4 de junho na Assembleia Legislativa um projeto de lei (PL 438/2019) que pretende tornar a capital e a região metropolitana uma zona livre de agrotóxico. 

O deputado Goura (PDT) autor do projeto, conta que o cinturão verde em torno de Curitiba é a maior área produtora de hortaliças do Estado.

“O mapa do Paraná mostra que infelizmente conseguimos desmatar quase a totalidade do território. Mas a zona em torno de Curitiba, embora seja a mais adensada em termos de população, ainda preserva Mata Atlântica. E nela estão os mananciais que abastecem mais de 3 milhões de pessoas”.

“O uso intensivo de agrotóxicos causa sérios problemas de saúde na população, a contaminação de alimentos e a degradação do meio ambiente.” 

Por isso, o estabelecimento da zona livre de agrotóxicos pode fazer enorme diferença para a saúde da população da região, proteger o verde, as águas e as abelhas.

O projeto prevê que o comércio, o consumo e o armazenamento de agrotóxicos será restringido gradualmente em 50% até 2025 e 100% até 2030.

“Queremos lançar o tema para um debate amplo e construir massa crítica”, diz Goura.

A proposta da zona livre de agrotóxico na região se complementa com a lei da merenda orgânica no Paraná (16.751/10), que foi regulamentada por decreto no dia 3 de setembro. 

Ela institui a alimentação escolar orgânica em todo o sistema estadual de ensino do Paraná. O objetivo é incluir alimentos orgânicos gradualmente na alimentação dos alunos das mais de 2 mil escolas estaduais, até chegar a 100% da merenda em 2030. Parte da produção virá da agricultura familiar.

Segundo dados do governo do Paraná, atualmente, 8% da alimentação escolar é orgânica e 60% é proveniente da agricultura familiar. 

Para chegar aos 100% da merenda orgânica, o governo pretende incentivar a organização dos produtores em associações e cooperativas e atuar nos controles de saúde animal. 

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