Marcelo Damato

Marcelo Damato tem 35 anos de jornalismo. Dedica-se à cobertura do poder, no futebol e fora dele

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É hora de levar o esporte para todas as cidades do Brasil

Governo Lula deve evitar erros do passado e plantar as sementes da universalização do esporte no Brasil

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O governo Lula (PT) tem a chance de não repetir com o Esporte o que fizeram todos os seus antecessores, inclusive ele mesmo: escolher o nome do ministro com carinho e esquecer-se do programa de governo.

Depois de gestões que priorizaram megaeventos esportivos e de uma Presidência que quase não pronunciou a palavra esporte, há mais uma oportunidade de focar os brasileiros e fazer do Esporte uma política de Estado.

Isso significa que todos os futuros governos federais terão de seguir uma linha mestra, dificultando a gastança ou a inação.

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva, durante o evento Natal dos Catadores, em São Paulo - Danilo Verpa - 15.dez.22/Folhapress

A mudança começa por definir qual é a prioridade para quem o financia: nós, os brasileiros.

Só de olhar a estrutura da gestão do esporte no governo federal, já se vê o erro no rumo.

Das quatro secretarias esportivas do Ministério da Cidadania, três são voltadas para o topo: Futebol, Alto Rendimento e Paradesporto.

Para todo o restante –que inclui esporte escolar, formação esportiva e atividade física–, há apenas uma: Esporte, Educação, Lazer e Inclusão Social.

Três secretarias atendem a algumas centenas de milhares de atletas, e uma atende a centenas de milhões de atletas e potenciais atletas.

O paradesporto no Brasil tem apenas alguns milhares de atletas, mas, como conquista muitas medalhas a cada quatro anos, é premiado com uma secretaria. O futebol, que funciona praticamente sozinho, tem outra.

Em contrapartida, o esporte escolar tem milhões de praticantes, mas, como não sai na mídia, fica em terceiro plano.

A balança precisa mudar. O alto rendimento é importante, reforça a identidade nacional –basta ver a festa em Buenos Aires–, mas é caro. E, para ser inspirador, precisa estar acoplado a políticas públicas.

A TV e as redes sociais não podem ser mais a prioridade absoluta para a gestão do esporte. Como dizia o argentino Rubén Magnano, quando treinou a seleção brasileira de basquete: "No Brasil, começa-se a construir a casa pelo telhado".

O primeiro passo é reconhecer que o governo federal não tem como atuar em cada cidade. Cada lugar, por motivos geográficos, culturais e sociais, pratica esporte do seu jeito.

Como na saúde, as prefeituras é que conhecem. Mas elas precisam de recursos.

Nesta legislatura, o Congresso deu um grande passo, com o Plano Nacional do Esporte. Ele cria um mecanismo de financiamento de estados e cidades semelhante ao SUS.

Pelo PNE, também será possível destinar emendas parlamentares para o esporte, dentro da cota da saúde.

Para aproveitar o papel inspirador dos eventos esportivos para estimular a prática das crianças, uma ideia mais econômica seria apoiar a interiorização de campeonatos estaduais adultos e de categorias de base.

Nas capitais, esses torneios são quase secretos de tão pouca atenção que atraem. Numa cidade menor, o efeito é diferente.

Por fim, a escolha do ministro ou da ministra é muito importante. Todos os ocupantes do cargo até aqui foram pessoas com pouca ou nenhuma experiência de gestão esportiva. Raros tinham conexão com o esporte. Chegaram como embaixadores do esporte ou por acordos políticos.

Lula precisa escolher alguém que é do ramo. E que não associe gestão e Instagram.

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