Marcelo Viana

Diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, ganhador do Prêmio Louis D., do Institut de France.

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Pernambucana e paulistana estão entre as primeiras matemáticas do Brasil

Ditadura atrapalhou carreira de Maria Laura Mouzinho; Elza Gomide esteve por 50 anos na USP

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Nascida em Pernambuco, Maria Laura Mouzinho (1917–2013) mudou-se aos 18 anos de idade, com a família, para o Rio de Janeiro, onde concluiu o bacharelado e a licenciatura em matemática pela Faculdade Nacional de Filosofia (FNFi), em 1942.

No ano seguinte, foi nomeada assistente de geometria na FNFi, onde também iniciou o doutoramento, sob a orientação do matemático português António Monteiro. Defendeu a tese "Espaços projetivos – reticulados de seus subespaços" em 24 de setembro de 1949, meros 11 dias (!!) após a defesa de Marília Chaves Peixoto, sobre quem escrevi na semana passada.

Juntamente com Marília, Leopoldo Nachbin, Candido Dias e Mauricio Peixoto, Maria Laura integrou a primeira delegação brasileira a um Congresso Internacional de Matemáticos, em 1950. Dois anos depois, foi eleita para a Academia Brasileira de Ciências e se tornou secretária-geral do então recém-criado Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa). Permaneceu na função até 1956, quando se casou com o físico Jorge Leite Lopes e o casal foi estagiar nos Estados Unidos. Tiveram três filhos.

A matemática pernambucana Maria Laura Mouzinho (1917-2013)
A matemática pernambucana Maria Laura Mouzinho (1917-2013) - Reprodução

A sua carreira foi interrompida pelo AI-5 em 1969, quando Maria Laura foi aposentada compulsoriamente, tendo sido o casal forçado ao exílio no exterior. De volta ao Brasil em 1974, continuou dando importantes contribuições à causa do ensino de matemática. Entre seus maiores legados está a criação do Projeto Fundão, o primeiro projeto de extensão da UFRJ, que continua plenamente ativo nos nossos dias.

Selo dos 40 anos do Projeto Fundão, da UFRJ
Selo dos 40 anos do Projeto Fundão, da UFRJ, comemorado em 2023 - Reprodução

Filha e neta de professores de matemática, a paulistana Elza Furtado Gomide (1925–2013) sempre foi incentivada pela família em seus estudos. Iniciou a graduação em física, mas no meio do caminho percebeu que gostava mesmo era de matemática. Já formada, aos 19 anos foi contratada como assistente da cadeira de Análise na Universidade de São Paulo (USP), onde permaneceu até a aposentadoria compulsória, por idade, em 1995.

Ilustração de Elza Furtado Gomide
Ilustração da matemática Elza Furtado Gomide (1925-2013) - Reprodução

Foi na USP que realizou o doutoramento, sob a orientação do francês Jean Delsarte. Defendeu a tese doutoral "Sobre o teorema de Artin–Weil", em 27 de novembro de 1950, pouco mais de um ano após as defesas de Marília e Maria Laura.

Em 1968, foi eleita chefe do Departamento de Matemática. Por aquela altura, também passou a se interessar cada vez mais pelo ensino da matemática, em que deu importantes contribuições. Seus ex-alunos com quem falei guardam uma memória calorosa de sua dedicação, generosidade e estímulo aos estudantes.

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