Marcelo Viana

Diretor-geral do Instituto de Matemática Pura e Aplicada, ganhador do Prêmio Louis D., do Institut de France.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Marcelo Viana

Algumas pioneiras negras na história da matemática

A primeira delas foi Euphemia Haynes, que atuou contra o racismo

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

O livro "101 Mulheres Incríveis que Transformaram a Ciência" conta as histórias das matemáticas Dorothy Vaughan (1910–2008), Katherine Johnson (1918–2020) e Mary Jackson (1921–2005), pioneiras da Nasa e justamente celebrizadas no filme "Estrelas Além do Tempo".

Suas trajetórias extraordinárias, rompendo uma dupla barreira de obstáculos, como mulheres e como negras, remontam à década de 1940, quando aconteceram os primeiros doutoramentos de mulheres negras em matemática nos Estados Unidos. Vale a pena falar um pouco sobre outras pioneiras ainda menos conhecidas.

A primeira foi Euphemia Haynes (1890–1980). Filha única de um dentista e uma educadora infantil, ela se doutorou em 1943 pela Universidade Católica da América, com a tese "A determinação de conjuntos de condições independentes caracterizando certas classes de correspondências simétricas".

Haynes lecionou durante quase meio século em escolas públicas e universidades de Washington, D.C.. Primeira mulher a presidir o Conselho de Educação da capital norte-americana, contribuiu para eliminar um sistema de seleção de alunos que discriminava negros. Já aposentada, criou o Departamento de Matemática da Universidade do Distrito de Columbia. Foi igualmente ativa em organizações filantrópicas católicas e viria a receber a Medalha Papal de Honra das mãos do papa João 23.

A segunda doutora em matemática negra nos Estados Unidos foi Evelyn Boyd Granville (1924–2023). Criada por sua mãe e sua tia, depois que os pais se separaram, ela completou o doutoramento em 1949, pela Universidade de Yale, com a tese "Sobre séries de Laguerre no domínio complexo". (Nesse mesmo ano se formaram as primeiras doutoras em matemática no Brasil: essa história contarei brevemente.)

Granville lecionou em diversas universidades, mas em 1952 transferiu-se para o setor privado. Quatro anos depois, ingressou na IBM como programadora de computadores. Nessa qualidade, participou em projetos para a Nasa, inclusive no programa Apolo, que levou os primeiros homens à Lua.

Em 1951, com um grupo de colegas, foi vítima de discriminação em uma conferência da Mathematical Association of America realizada no sul dos Estados Unidos: os organizadores se recusaram a honrar as suas reservas de hotel com o pretexto de que três deles eram negros e o outro era comunista. O episódio levou ao estabelecimento de políticas antidiscriminatórias em atividades científicas.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.