Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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42% das ações da Bolsa são de empresas com prejuízo

Não é problema comprar papéis de empresa no vermelho, desde que investidor enxergue como ela planeja reduzir prejuízo

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Quatro em cada dez ações negociadas na Bolsa servem para compartilhar prejuízos. Você não leu errado. Se escolher papéis ao acaso, terá 42% de chance de pegar os de uma empresa que está no vermelho.

O número mostra o buraco que o primeiro trimestre deixou.

Analisando de março de 2019 a março de 2020 (um ano de dados completos), a fatia de empresas no negativo é de 32%. O número é puxado pela maré de contas no vermelho que chegou nos primeiros 90 dias deste ano. Neste período, especificamente, a quantidade de ações de empresas com prejuízo sobe para os tais 42%.

As contas do segundo trimestre vão ser apresentadas adiante, mas são poucos os sinais de que trarão uma grande recuperação dos reflexos da pandemia de coronavírus. Diferentemente do Ibovespa, que tem subido de forma chamativa.

Não é um problema em si investir em uma empresa que está no vermelho, desde que você enxergue como ela planeja reduzir esse prejuízo ao longo do tempo e começar a lucrar.

Se o prejuízo for relacionado a algo pontual, a recuperação poderá ser mais simples. Por isso, aliás, é bom comparar os últimos 3 meses com os últimos 12, 24, 36...

Quanto mais informações tiver, melhor para saber se as contas negativas são um ponto fora da curva ou apenas o caminho natural para aquela companhia. Se for o segundo caso, parece perigoso apostar nos papéis.

Além disso, vale a pena checar se o preço da ação condiz com a situação da empresa. Um caso que chama a atenção é da Teka Tecelagem, de Santa Catarina, famosa pelas toalhas.

Os papéis da empresa estão entre os 10 com maior “prejuízo por ação” (ou PPA), indicador que se obtém dividindo o prejuízo da companhia pelo número de ações. Não tem a ver com o preço dos papéis, mas com as contas da empresa.

Nos últimos 12 meses, o “prejuízo por ação” de seus papéis foi de mais de R$ 250. Mas, desde o início do ano, o preço de suas ações ordinárias (TEKA3) deu um salto de 320%.

Acontece que a empresa está em recuperação judicial e, de acordo com relatório divulgado recentemente, estava seguindo bem os passos para se recuperar, até que a Covid-19 atrapalhou. Investidores viram, nisso, bom sinal para uma recuperação após a crise. Mesmo com o alto PPA.

Entre as que têm o maior “lucro por ação” (ou LPA), é possível destacar a Nutriplant, empresa de fertilizantes.

Dividindo o lucro apresentado pela companhia entre seus papéis, chega-se a mais de R$ 280. A título de comparação, o maior banco do Brasil, Itaú Unibanco, tem um LPA de R$ 2,25.

Do começo do ano para cá, enquanto o Ibovespa caiu cerca de 15%, as ações ordinárias da empresa, NUTR3, subiram 6,58%.

O que explica essas companhias terem tão expressivos indicadores de lucro ou prejuízo por ação é o fato de serem poucos papéis circulando.

Mesmo que o prejuízo de R$ 127 milhões da Teka seja muito pequeno, perto dos R$ 15 bilhões da Oi, por exemplo, o pequeno número de ações da tecelagem fazem seus resultados refletirem de forma menos branda em seus indicadores.

Essas companhias de baixa capitalização, chamadas de microcaps, têm oportunidades para quem quer acompanhar seus negócios de perto. Mas lembre-se que, por terem menos papéis, suas mudanças de preço tendem a ser mais bruscas.

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