Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Dividendo na mão é solução para quê?

No Brasil, maioria das empresas paga pelo menos 25% do lucro líquido ajustado como dividendos

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A Companhia de Gás de São Paulo (Comgás) é a maior distribuidora de gás natural do país. Mas não é só isso que ela tem distribuído. Seus acionistas são os que mais recebem dividendos, proporcionalmente ao valor das ações.

Os papéis CGAS5 têm o maior rendimento de dividendos (dividend yield) do mercado brasileiro, levando em conta os últimos cinco anos. Ou seja: têm a maior relação entre o preço dos papéis e o que pagaram com distribuição lucros.

Desde outubro de 2016, seus acionistas preferenciais receberam, em média, 16,5% do valor das ações em dividendos. Em 2019, o lucro líquido da Comgás foi de R$ 1,3 bilhão.

Os papéis estão, hoje, na casa dos R$ 175. Uma valorização de mais de 20% desde o começo do ano.

Entre as 25 ações com o dividend yield mais alto no último quinquênio, 7 são do setor de bancos, 3, de energia elétrica, de acordo com levantamento feito pela empresa Economatica, levando em conta apenas as companhias que tiveram negociação diária de pelo menos R$ 500 mil no último ano.

Caminhão da comgás estacionado enquanto funcionário mexe em parte interna do automóvel
Acionistas da Comgás são os que mais recebem dividendos, proporcionalmente ao valor das ações - Avener Prado - 23.abr.2014/Folhapress

O indicador é calculado dividindo-se o valor distribuído entre os acionistas pelo preço unitário da ação.

A busca do investidor brasileiro por “dinheiro na mão”, ou pela chamada renda passiva, que é receber uma graninha sem ter necessariamente trabalhado por ela, faz com que corretoras recomendem carteiras de ações focadas no pagamento de dividendos.

Bancos e gestoras também oferecem uma miríade de fundos com o mesmo foco. Através deles, os investidores recebem frações dos dividendos pagos pelas diversas empresas cujas ações estão no portfólio do fundo.

Acontece que, pela definição do mercado, o valor pago como dividendo é descontado do preço das ações. Logo, matematicamente, você ganha dinheiro na conta, mas o mesmo valor é retirado das suas ações.

Se o investimento visa aumentar seu patrimônio, por quê escolher suas ações já pensando nas “lascas” que serão retiradas da empresa ao longo do tempo e depositadas na sua conta?

Se você confia que seu dinheiro será bem gasto por aquela companhia, faz sentido mirar aquelas que vão fazer você “sacar” mais dinheiro mais rápido?

No Brasil, a maioria das empresas paga pelo menos 25% do lucro líquido ajustado como dividendos.

Nos Estados Unidos, por exemplo, a situação é diferente. Gigantes como Amazon, Google e Tesla não pagam dividendos há pelo menos 10 anos. E isso não torna os papéis delas menos interessantes. Pelo menos de acordo com os investidores brasileiros.

Desde que a negociação de BDRs (papéis emitidos no Brasil representando outros, de empresas no exterior) foi liberada para todo tipo de investidor, a procurar pelos papéis citados acima aumentou muito.

A busca do investidor deve ter como foco as empresas nas quais ele enxerga potencial de crescimento. Quando se tornar necessário sacar valores, basta vender as ações.

Antes de colocar o pagamento de dividendos como critério para sua decisão, é melhor entender por quê você acredita que saberá melhor o que fazer com aquele dinheiro do que os gestores das empresas das quais você é acionista.

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