Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Descrição de chapéu Folhainvest

Bolsa se apoia em dois cabos de aço e 55 fios de cabelo

Alta em outubro está concentrada em duas empresas, o que é um perigo

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Investidor, cuidado! A ponte sobre a qual você anda confiante está sustentada em dois cabos de aço e 55 fios de cabelo.

Sim, a Bolsa subiu quase 10% na primeira semana do mês, com o primeiro turno das eleições, mas apoiada em uma concentração de negócios que não se vê há oito anos.

Uma a cada quatro operações feitas na Bolsa neste mês envolveu ações da Vale (VALE3) ou da Petrobras (PETR3 e PETR4), como mostrou um estudo feito pelo TradeMap. Isso não acontecia desde 2014.

Prédio da sede da Petrobras, no Rio de Janeiro - Xinhua/Wang Tiancong

Esse tipo de concentração é um perigo para quem investe em ações, pois mostra que os grandes fundos internacionais entraram no Brasil de olho nos papéis de alta liquidez, ou seja: para serem vendidos rapidamente a fim de virar dinheiro na mão de quem especulou.

Quando interesse está espalhado em um grupo maior de ativos, significa que a aposta está na melhoria da economia, ou ao menos de alguns setores.

Já no movimento que aconteceu agora, o salto forte dos preços deixa a impressão de que veremos quedas consecutivas até voltarmos ao patamar anterior.

A Vale já fez isso. Na sexta-feira (14), a ação VALE3 voltou para perto dos R$ 70, abaixo dos R$ 72 que custava no dia 30 de setembro. A PETR4, da Petrobras, tem subido com consistência desde o grande salto das eleições, mas deixou para trás um "gap", uma espécie de buraco no gráfico de cotações, que chama a atenção.

Esse tipo de buraco é usado para identificar oportunidades no mercado. Carlos Bedicks, operador de renda variável da Wise Investimentos, explica que, tradicionalmente, os "gaps" são fechados, ou seja: os preços costumam voltar ao patamar de antes dos saltos para, a partir daí, seguir suas tendências de forma orgânica. Não é certeza, mas é indicador.

Sustentado por esses cabos de aço chamados Petrobras e Vale, o Ibovespa —principal índice do da Bolsa— subiu mais de 3% nesta primeira metade do mês, saindo dos 110 mil pontos e terminando a quinzena acima dos 113 mil (depois de passar por um pico de 117 mil).

O índice reúne outras 89 ações, tidas como as mais representativas do nosso mercado. Olhando a variação mensal de cada uma (é possível fazer isso em bit.ly/3Mz3gPZ), a gente nota que 55 delas subiram menos do que o Ibovespa neste mês. Aliás, 26 estão caindo.

Ter clareza de que a alta recente veio de um fluxo forte de investidores estrangeiros em ações de alta liquidez deve servir para tranquilizar quem enxergar cotações caindo a patamares anteriores ao primeiro turno das eleições.

A definição eleitoral, no segundo turno, independentemente do candidato eleito, é vista no mercado como um gatilho para destravar uma alta mais consistente das ações.

Concluída a contagem de votos, os setores que tendem a se beneficiar por uma Presidência de Lula ou de Bolsonaro começarão a receber as apostas de quem busca ganhos a médio e longo prazo. Como você já deve saber: o mercado gosta é de previsibilidade.

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