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Bolsa cai 3,7% na semana e apaga ganhos após 1º turno das eleições

Dólar sobe com investidores preocupados sobre a escalada da inflação global

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São Paulo

Os mercados de ações e de câmbio do país refletiram nesta semana preocupações de investidores sobre a corrida eleitoral no Brasil e também quanto ao ambiente internacional de juros potencialmente mais altos após a inflação nos Estados Unidos ter mostrado mais força do que projetavam os economistas.

No fechamento desta sexta-feira (14), o Ibovespa recuou 1,95%, aos 112.072 pontos. Isso levou o índice de referência da Bolsa de Valores brasileira a uma queda semanal de 3,70%. É o maior recuo em uma semana desde meados de julho.

O resultado apagou parte dos ganhos de 5,76% da semana anterior, quando o mercado demonstrou euforia com a votação acima do previsto pelas pesquisas recebida por Jair Bolsonaro (PL), colocando o atual presidente na disputa do segundo turno com o ex-presidente Lula (PT).

No mercado de câmbio, o dólar comercial à vista subiu 1% nesta sexta, cotado a R$ 5,3270. A taxa de câmbio acumulou uma alta semanal de 2,17%.

Pessoas observam projeção da imagem do Cristo Redentor abaixo de painel com gráfico de ações na Bolsa de Valores, em São Paulo
Pessoas observam projeção da imagem do Cristo Redentor abaixo de painel com gráfico de ações na Bolsa de Valores, em São Paulo - Nelson Almeida - 16.mar.2020/AFP

Incertezas sobre o desfecho da corrida eleitoral à presidência da República afetaram o mercado doméstico nesta semana e isso está demonstrado pela forte queda do mercado de ações brasileiro, segundo Ubirajara Silva, gestor da Galapagos Capital.

Silva diz que Lula e Bolsonaro dão motivos para a desconfiança do mercado sobre o futuro do país.

"O candidato do PT, que é líder nas pesquisas, não tem um plano de governo bem definido, enquanto o presidente Bolsonaro está agredindo as outras instituições", comentou Silva. "Ainda temos duas semanas de eleições e muita coisa pode acontecer."

Fernanda Consorte, economista-chefe do Banco Ourinvest, destaca, porém, o peso dos dados da inflação americana sobre o desempenho das moedas de países de economia emergente, como é o caso do Brasil.

"É mais um dia de aversão a risco após os dados da alta da inflação nos Estados Unidos reforçarem apostas na elevação da taxa de juros por lá e isso está se refletindo em países emergentes", disse Consorte.

"Esse avanço do dólar à casa dos R$ 5,30 é por conta dessa aversão ao risco no exterior", afirmou a economista.

O índice de preços ao consumidor americano subiu 0,4% no mês passado, acima do 0,2% esperado pelo mercado, segundo relatório divulgado pelo governo americano na quinta-feira (13).

Nos 12 meses até setembro, o índice teve alta de 8,2%, depois de ter subido 8,3% em agosto e atingido um pico de 9,1% em junho, que foi o maior avanço desde novembro de 1981.

As atenções de investidores se voltaram, porém, para o núcleo da inflação, que exclui os preços voláteis, como energia e alimentos.

Esse indicador ganhou 6,6% em setembro, em relação ao ano anterior, marcando o maior aumento desde agosto de 1982.

É especificamente esse dado sobre o núcleo que diz aos analistas que a inflação está mais resistente do que se imaginava anteriormente e, por esse motivo, o Fed (Federal Reserve, o banco central americano) deverá manter o crédito mais caro por mais tempo. O resultado desse aperto monetário tende a ser um prejuízo prolongado ao crescimento da economia mundial.

Em setembro, o Fed elevou sua taxa de juros em 0,75 ponto percentual pela terceira vez seguida. A divulgação na quarta-feira (12) da ata dessa reunião do Fomc, o comitê de mercado aberto do Fed, confirmou que o banco central americano tende a manter o ritmo do aperto.

Projeções do Fomc divulgadas com a ata mostram que a taxa básica de juros, atualmente na faixa de 3% a 3,25%, subirá para a faixa de 4,25% a 4,50% até o final deste ano.

No exterior, os principais indicares do mercado americano penderam para o negativo. Na Bolsa de Nova York, o índice S&P 500 caiu 2,37% e, com isso, teve um recuo semanal de 1,55%.

Balanços trimestrais de grandes bancos contribuíam com o pessimismo ao darem mais sinais de que o mercado americano se prepara para uma recessão, destacou boletim do The Wall Street Journal.

A receita do JPMorgan aumentou 10%, mas houve perda de quase US$ 1 bilhão em títulos e o banco está reservando mais dinheiro para uma possível recessão. O lucro do Morgan Stanley caiu 29% e os ganhos do Wells Fargo ficaram abaixo das expectativas.

Preocupações quanto a uma recessão global também afetaram os preços de mercadorias importantes para as principais empresas da Bolsa de Valores brasileira. O destaque foi a queda do petróleo. O barril do Brent, referência para o mercado, caía 3,14% no início da noite desta sexta, cotado a US$ 91,60 (R$ 483,81).

As ações mais negociadas da petrolífera estatal Petrobras caíram 1,53%. Também no segmento de matérias-primas, a mineradora Vale perdeu 3,26% nesta sessão.

Bolsa de Londres tem reação tímida a decisões de Liz Truss

Na Europa, a Bolsa de Londres subiu apenas 0,12% nesta sexta e fechou a semana em queda de 1,89%, revelando uma reação tímida do mercado a algumas decisões da primeira-ministra Liz Truss sobre a economia do Reino Unido.

Ela demitiu seu ministro das Finanças, Kwasi Kwarteng, e anunciou a eliminação de partes de um pacote econômico que vinha levantando desconfiança sobre a política fiscal britânica.

A crise provocada pelo plano do ex-ministro Kwarteng trouxe forte desvalorização dos títulos da dívida do país. Kwarteng foi substituído pelo ex-ministro de Relações Exteriores e Saúde Jeremy Hunt.

"Os mercados precisam de um pouco mais de clareza sobre como esse plano fiscal está atualmente e vão querer saber exatamente de onde virá o financiamento", disse Daniela Hathorn, analista de mercado da Capital.com, à agência Reuters.

A libra esterlina caiu 1,43% em relação ao dólar, cotada a US$ 1,1167. Na comparação com a moeda brasileira, a divisa britânica cedeu 1,58%, ao valor de R$ 5,92.

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