Descrição de chapéu Folhainvest Bradesco

Bolsa deve ir a pelo menos 150 mil pontos em 2023, diz estrategista do Bradesco BBI

Com um governo economicamente responsável, André Carvalho vê espaço para início de corte dos juros no 2º trimestre, com Selic em torno de 10% no final do ano que vem

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São Paulo

Se o governo eleito em 30 de outubro der uma sinalização ao mercado de que adotará uma política econômica fiscalmente responsável (com contas públicas que não façam crescer a dívida), o Banco Central pode ter espaço para começar um processo de corte na taxa de juros a partir do segundo trimestre do ano que vem, com a Selic caminhando para um patamar ao redor de 10% em dezembro de 2023.

Neste cenário, o índice de ações Ibovespa pode chegar ao final deste ano nos 130 mil pontos, e alcançar os 150 mil no fim do próximo ano, diz André Carvalho, chefe da área de pesquisa e estrategista de ações do Bradesco BBI.

Segundo ele, a alta seria impulsionado por papéis de consumo, como Lojas Renner, Br Malls e Vibra, beneficiados por uma provável alta na renda real da classe média.

André Carvalho, chefe do departamento de pesquisa e estrategista de ações do Bradesco BBI, homem branco de cabelos escuros e óculos de pé com as mãos juntas à frente do corpo, de terno escuro e camisa branca
André Carvalho, chefe do departamento de pesquisa e estrategista de ações do Bradesco BBI - Divulgação/Acervo Bradesco

Carvalho afirma que a projeção do banco para o Ibovespa no final deste ano está hoje nos 130 mil pontos —11% acima do fechamento de quarta-feira (5)— a partir da previsão de que haverá redução das incertezas trazidas pela eleição. A inflação em trajetória declinante também contribuir para a alta das ações, prevê o especialista.

"150 mil pontos no final do ano que vem, partindo de 130 mil, corresponde a uma alta de 15% da Bolsa, o que é absolutamente conservador", afirma Carvalho, em entrevista à Folha.

O estrategista do BBI diz ainda que o cenário-base com o qual trabalha hoje indica uma Selic de 11,25% no final do ano que vem, frente aos atuais 13,75%, mas não descarta a hipótese de um corte ainda mais agressivo, com a taxa básica de juros ao redor de 10% em dezembro de 2023 —a depender, novamente, da postura fiscal a ser adotada pelo governo.

"Devemos ver um cenário positivo para o consumo da classe média, que tanto apanhou nos últimos dois anos, e que está vendo finalmente os salários reais se recuperarem", afirma o estrategista do BBI.

Carvalho afirma também que o primeiro turno das eleições serviu para deixar claro o anseio da população por uma agenda econômica de viés conservador, dado o predomínio do perfil de centro-direita entre os candidatos eleitos.

"A eleição está em aberto, e qualquer um dos dois pode ser eleito, mas em um cenário em que o Congresso é conservador, os riscos relativos à política econômica são mais baixos", diz.

Segundo ele, com a disputa pela presidência mais apertada do que o indicado pelas pesquisas, o incentivo para que os candidatos Lula e Bolsonaro tragam mais informações sobre os planos econômicos antes de 30 de outubro aumenta consideravelmente.

"A esquerda é dominada pelo candidato Lula, e a direita, pelo candidato Bolsonaro. O centro é o local de disputa. Basicamente o sudeste, eu diria", afirma Carvalho, acrescentando que, para ganhar o eleitor do sudeste, trazer mais informações sobre as políticas econômicas parece ser um bom caminho a ser seguido pelos dois postulantes à presidência a partir de 2023.

Projeção é de dólar em R$ 5 no final do ano

O estrategista do BBI diz ainda que projeta o dólar ao redor de R$ 5,00 no final deste ano, com a redução das incertezas sobre as eleições e o processo de desaceleração da inflação contribuindo para que o câmbio tenha um ajuste ao longo das próximas semanas. Nesta quarta, a moeda encerrou os negócios cotada a R$ 5,1870.

Carvalho afirma também que os cálculos internos do banco indicam um valor de equilíbrio para o dólar ainda mais baixo, em torno de R$ 4,50, mas que esse patamar deve ser mais difícil de ser alcançado. Isso por causa do ambiente global permeado por incertezas, com um risco crescente de recessão nos Estados Unidos e na Europa, e as dúvidas que ainda pairam sobre quando virá de forma consistente uma retomada da China.

O especialista diz que, nesse cenário internacional que demanda cautela, o Brasil pode começar a atrair um interesse crescente por parte do investidor estrangeiro.

"O estrangeiro procura os mercados que chama de valor, que são mercados que estejam baratos e já embutam um grau elevado de risco. E o Brasil certamente é um desses mercados. O mercado brasileiro de ações é profundo, é amplo, e está muito descontado [com preços subavaliados]."

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