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Apostar na Bolsa em alta no Brasil e em queda nos EUA pode ser estratégia vencedora, indicam gestores

Redução da Selic em 2023, com provável recessão na economia americana, tende a favorecer ações do mercado local

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São Paulo

Apostar na alta da Bolsa brasileira nos próximos meses, em especial em um cenário de continuidade da política econômica de caráter liberal adotada nos últimos anos, e na queda da Bolsa dos Estados Unidos, em um ambiente de continuidade da alta dos juros e provável recessão, desponta como uma estratégia potencialmente vencedora, na avaliação de gestores de fundos de investimento do mercado brasileiro.

A expectativa dos especialistas é a de que os juros americanos ainda devem caminhar para patamares mais próximos de 5% ao longo de 2023, e, por causa disso, mesmo com a correção recente, as ações nos EUA não alcançaram níveis que podem ser considerados baratos ou atrativos.

Já no caso do Brasil, o provável início do corte dos juros pelo BC (Banco Central) em algum momento no próximo ano, e os ganhos de eficiência à economia trazidos pelo conjunto de reformas aprovadas nos últimos anos, podem levar a Bolsa para patamares entre 130 mil e 150 mil pontos durante os próximos meses.

Homem fotografa painel eletrônico com variação das ações na Bolsa de Valores brasileira, em São Paulo
Homem fotografa painel eletrônico com variação das ações na Bolsa de Valores brasileira, em São Paulo - Amanda Perobelli - 3.abr.2019/Reuters

"O Brasil está relativamente muito bem. Estamos menos feios que os demais", afirmou Felipe Guerra, sócio-fundador e diretor de investimentos da gestora Legacy Capital, durante participação em evento da Bloomberg nesta quinta-feira (6) em São Paulo.

Ele acrescentou que o BC brasileiro fez o processo de ajuste nos juros antes dos pares globais, obtendo como consequência um controle da inflação também na frente do resto do mundo. "Se tiver uma continuidade da política econômica, a inflação certamente vai descer."

Sócio-fundador e co-diretor de investimentos da Vinland Capital, André Laport afirmou que, considerado o histórico de preços, a Bolsa brasileira "está barata" nos níveis atuais. Ela pode se tornar um destino atraente para os estrangeiros em busca de retornos, com a redução da incerteza sobre a política econômica do país em 2023 após o primeiro turno, afirmou.

Laport disse ainda que, no curto e médio prazo, não descarta o índice Ibovespa sendo negociado ao redor dos 130 mil pontos. O gestor, que espera um pouso brusco da economia dos Estados Unidos no ano que vem, considera a possibilidade de aposta na alta da Bovespa (long) e queda do S&P 500 (short).

Guerra, da Legacy, indicou um otimismo ainda maior, e afirmou que a Bolsa aos 150 mil pontos no ano que vem não é uma hipótese completamente fora do radar, desde que o governo eleito no final deste mês tenha como prioridade uma agenda de reformas e de ajuste fiscal.

Nesse sentido, ele afirmou que vê com muito mais otimismo para o quadro macroeconômico do país uma reeleição do presidente Jair Bolsonaro (PL), em comparação a uma vitória do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Na opinião de Guerra, em um cenário de reeleição, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, terá maior segurança para iniciar mais cedo o corte de juros, e em magnitude mais intensa, abrindo espaço para um forte desempenho positivo da Bolsa local.

Já para Paula Moreira, diretora de renda fixa, moedas e commodities do Goldman Sachs, independentemente de quem ganhar as eleições, a expectativa é que o governo adote um viés mais populista, principalmente na segunda metade do mandato.

Por isso, a torcida, acrescentou a especialista, é a de que o governo eleito aproveite o primeiro ano para endereçar reformas estruturais importantes para o desenvolvimento econômico do Brasil. Ela citou a reforma tributária e a administrativa entre as que deveriam estar entre as prioridades nos planos do governo a partir de 2023.

"A gente vê, pelo menos no curto prazo, uma outperformance (desempenho acima da média de mercado) dos ativos brasileiros, independente de quem ganhar", afirmou a diretora do banco americano, que citou uma posição comprada em real e vendida em outras moedas da América Latina como uma estratégia que pode trazer retornos positivos aos bolsos dos investidores.

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