Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Receita para não suar frio com eleição

Beba água, coma frutas, separe o dinheiro dos investimentos no começo do mês e diversifique suas aplicações

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Se estas não foram suas primeiras eleições, você já deve ter entendido a diferença entre campanha e governo. Durante as campanhas eleitorais, é tradicional que cada lado pinte um cenário terrível sobre a possível vitória de seu opositor. Com o resultado anunciado, as pessoas levantam de manhã, tomam café e vão trabalhar, como na semana anterior ao pleito.

A oscilação de humores de investidores com relação às suas finanças nasce mais de rumores e mensagens apocalípticas do que do comportamento do mercado, de fato, no período eleitoral.

Jair Bolsonaro e Luiz Inacio Lula da Silva durante entrevistas à podcasts - Reprodução

Quem suou frio pensando no que aconteceria com seu dinheiro com a eleição de Lula ou de Bolsonaro pode aproveitar o fim da campanha para usar as ferramentas disponíveis no nosso mercado financeiro para diminuir os riscos de sua carteira de investimentos.

E deve aproveitar a Copa do Mundo para se inspirar. Seu time de investimentos precisa de jogadores para todas as posições: goleiro, zagueiro, centroavante, atacante... Cabe ao técnico saber a hora de trocar um ou outro, que não está com bom rendimento em campo, tendo em mente o campeonato inteiro, não apenas os próximos cinco ou dez minutos.

Pegue o papel e a caneta para preparar sua carteira antieleições.

Primeiro: qual é a pior coisa que pode acontecer com seu dinheiro? Valer menos do que valia ontem. Isso não diz respeito à desvalorização do real ante o dólar, mas da inflação. É ela que dita quanto você poderá comprar amanhã com suas economias de hoje.

O Brasil (e o mundo) reencontrou o temido "dragão da inflação", que corroeu o poder de compra dos salários nos últimos anos. Mas você pode blindar uma parte do seu dinheiro de ser devorada por esse ser mitológico.

É fácil encontrar títulos públicos e privados que vão render obrigatoriamente mais do que a inflação —os atrelados ao IPCA—, bem como fundos de investimento e ETFs indexados a ela. E isso não é pouco.

Enquanto o Ibovespa, principal índice da nossa Bolsa, subiu 8,45% nos últimos 12 meses, a inflação avançou 7,17%. Ou seja: qualquer título atrelado a ela ficou bem perto de um investimento considerado de alto risco. E isso é mais do que o Ibovespa rendeu em 5 dos últimos 10 anos.

Agora, a perspectiva de todo o mercado é que a nossa inflação vá cair. Ótimo. Mas, ainda assim, deixar uma parte dos seus investimentos seguindo o IPCA continuará evitando que esse dinheiro perca poder de compra, invariavelmente, ainda que haja outros rendendo mais.

Outro ponto que tira o sono na época eleitoral: o "risco Brasil". A instabilidade da economia local é duramente afetada pelo cenário político recheado de disputas e "surpresas", que vão aparecer no noticiário nos próximos quatro anos, independentemente do presidente. Que tal deixar uma parte do seu dinheiro, então, "vacinada"?

Um caminho simples é apostar em empresas brasileiras cujas receitas dependem da exportação, estando mais expostas à economia global do que à nossa.

Da mesma forma que se compram ações na nossa Bolsa, é possível comprar BDRs, que são papéis que replicam as movimentações de ações de empresas estrangeiras. Para quem quiser aumentar a dose de imunização, investir diretamente em Bolsas de outros países ficou mais barato e simples.

Há ainda as operações de hedge, ou seja, de proteção contra oscilações, nas quais você entra com posições vendidas em ativos muito expostos a possíveis quedas do mercado brasileiro, equilibrando o quanto essas quedas impactarão seus investimentos mais expostos ao mesmo movimento.

Todos são mecanismos para não se machucar com possíveis oscilações da Bolsa. Ficar fora dela, entretanto, parece uma má ideia, já que analistas independentes, bem como bancos e corretoras, estão confiantes de que o Ibovespa vai subir nos próximos anos.

Beber água, comer frutas, separar o dinheiro dos investimentos no começo do mês e diversificar suas aplicações. Não há quem recomende o contrário.

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