Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Bons ventos indicam que o setor da aviação pode decolar na Bolsa

Inflação, redução do desemprego e o crescimento do PIB fazem analistas reavaliarem expectativas

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O setor da aviação foi levado a um pouso forçado na pandemia. E tem encontrado dificuldades para decolar. Ações como a da Gol (GOLL4) e a da Azul (AZUL4) hoje são vendidas a 21% e 26% do preço que tinham em janeiro de 2020, respectivamente. Agora, as birutas do mercado financeiro anunciam bons ventos para as empresas alçarem novos voos.

A queda na inflação medida em agosto —a maior em 31 anos—; a redução do desemprego —que chegou ao menor nível desde 2015—; e o crescimento do PIB (Produto Interno Bruto) levam analistas a apontar para uma volta do consumo aos níveis pré-pandemia.

Claro que não é algo da noite para o dia. A melhora do cenário não significa que você vai tomar a decisão de voar para a Guatemala na semana que vem. Mas aumenta as chances de sua família discutir um pacote de viagem para as próximas férias.

Imagem mostra avião branco em frente a um hangar da Latam.
A Airbus apresenta o A220 ao mercado brasileiro em um hangar no aeroporto de Congonhas - Zanone Fraissat/ Folhapress

Para que vocês optem por um tour internacional em vez de ir visitar uma cidade vizinha, de carro ou ônibus, há um ponto essencial: o custo das passagens. Elas encareceram como tudo nesses últimos anos de inflação. Só de agosto de 2021 a agosto de 2022, o preço médio das passagens subiu 77%.

Um dos principais fatores para esse salto nos preços são os custos do querosene de aviação (QAV). Responsável por um terço dos custos das companhias aéreas, esse é o combustível dos aviões e helicópteros com turbinas. Não confunda com a gasolina de aviação —usada em aviões de pequeno porte, como os utilizados na agricultura e na aviação particular.

De janeiro a julho deste ano, o preço do QAV subiu 70,6%, segundo cálculo da Associação Brasileira das Empresas Aéreas (Abear), com dados da Petrobras. No ano passado, o combustível praticamente dobrou de preço, com um aumento acumulado de 92%. E obrigaram as empresas a reduzirem suas margens de lucro, para tentar manter algum volume de vendas.

Depois dessa avalanche de aumento de preços, finalmente uma boa notícia: assim como a gasolina comum, o querosene de aviação é afetado pelos preços internacionais do petróleo. A queda no preço do barril do óleo tipo Brent —que chegou a custar US$ 123 (quase R$ 640), em junho, e agora é negociado perto de US$ 93 (R$ 482)— trouxe um alívio para as empresas do setor aéreo.

A Petrobras anunciou no último dia 26 a redução de 10,4% no preço do QAV. Esse é justamente um dos principais pontos para prever melhorias no preço das ações relacionadas ao setor no curto prazo, de acordo com análise assinada pelo BTG Pactual.

O banco, aliás, recomenda a compra de ações tanto da Gol quanto da Azul, apontando que ambas têm a possibilidade de praticamente triplicar de preço.

Ao analisar os números do último trimestre, os especialistas do J.P. Morgan afirmaram esperar uma recuperação contínua das viagens aéreas, globalmente.

Isso também influencia (e muito) papéis como da agência de viagens CVC (CVCB3) e da Embraer (EMBR3). Assim como as ações das aéreas, essas acumulam uma queda de mais de 30% desde o início do ano, enquanto o Ibovespa subiu quase 8%. Desde julho, no entanto, todas têm subido quase juntas, sinalizando uma possível reversão após tantas quedas.

Como tudo no mercado de ações, apostar na retomada do setor aéreo envolve uma série de riscos para os investidores. Uma leitura rápida dos documentos em que Azul e Gol listam seus "fatores de risco" mostram grandes preocupações com a incerteza gerada pelas eleições presidenciais no Brasil, principalmente pela falta de clareza em relação às propostas dos candidatos.

"Se [Jair Bolsonaro] for reeleito, não poderemos prever quais políticas ele manterá", diz a Azul. "Se outro candidato for eleito, não poderemos prever quais políticas poderão ser modificadas ou revertidas", complementa.

Em resumo: não é que estejamos sob céu de brigadeiro, mas a neblina que impediu a decolagem das ações relacionadas ao setor de viagens até agora parece estar se dissipando.

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