Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Recessão profunda já é vista como necessária; e agora?

Players globais estão de olho no seu quintal; é bom você estar também

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Uma recessão profunda é "necessária" para puxar a inflação de volta à meta, afirma ninguém menos do que a maior gestora de ativos do mundo, a BlackRock, ao comentar suas perspectivas para a economia dos Estados Unidos.

Na avaliação dos seus analistas, a única forma de reduzir a inflação que assola a maior economia do mundo é "esmagar" a demanda. E como se faz isso? Aumentando os juros e gerando uma recessão.
Isso, explicam, é porque a inflação impulsionada pela queda na oferta (por impactos da Covid e da Guerra na Ucrânia) apresenta um dilema aos bancos centrais: a política monetária não consegue estabilizar a inflação e a atividade ao mesmo tempo, como acontece quando a alta dos preços é impulsionada por um aumento da demanda, em uma economia superaquecida.

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Gabriel Cabral/Folhapress

E, desta vez, a economia global não pode esperar ajuda da China. A redução da atividade comercial chinesa e a falta de resposta política sugerem que o gigante asiático não vai agir para esquentar a economia, ainda de acordo com a BlackRock.

Os analistas do banco Goldman Sachs, por sua vez, fizeram as contas: a previsão é que o mercado de ações global continue a afundar em 2023. A lógica está no histórico: as ações só começam a subir quando as taxas de juros começam a baixar —o que só é esperado para o final do ano que vem.

O banco acredita que a desaceleração econômica global é cíclica, do tipo que dura, em média, 26 meses e leva cerca de quatro anos para recuperação dos estoques. Os estudos apontam que, nesses períodos, as ações caem cerca de 30% e são atingidas por altas curtas antes do fundo do poço.

"É por isso que acreditamos ser cedo demais para se posicionar esperando um ‘bull market’ (mercado de altas)", diz relatório divulgado pelo banco na última semana.

O problema vai muito além de EUA e China. A Europa terá uma necessidade de conseguir combustíveis fósseis de fora da Rússia, para atender às suas demandas de energia e reduzir sua dependência de Moscou.

A perspectiva de caos na economia global pode trazer boas oportunidades para o mercado brasileiro. No caso da Europa, aliás, somos grandes exportadores de petróleo e outras commodities que deverão deixar de ser compradas da Rússia.

Mas, para além disso, quando investir no Primeiro Mundo fica mais arriscado, os grandes investidores começam a olhar com bons olhos os mercados emergentes, como o Brasil, que, apesar do risco, pagam melhor.

Das poucas classes de ativos com recomendação pelo BlackRock para os próximos 6 ou 12 meses, por sinal, estão os títulos de crédito privado de países como o nosso.

"Rendimentos mais altos já refletem o aperto da política monetária dos emergentes, em nossa opinião, e oferecem compensação para o risco de inflação", dizem os analistas da gestora.

A recente emissão de CRIs (Certificados de Recebíveis Imobiliários) pela Petrobras comprova a tese. A empresa, que possui altíssimo rating de crédito (segurança), ofereceu rentabilidade de pelo menos 6% ao ano acima da inflação para quem comprasse seus títulos de renda fixa, com vencimento de 2030 a 2037.

Os players globais estão de olho no seu quintal. É bom você estar também.

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