Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Marcos de Vasconcellos

Ibovespa sobe 10% e a torcida delira

Índice tem valorização superior a 20% desde 23 de março

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São Paulo

Desde o dia 23 de março, o nosso principal índice do mercado, o Ibovespa, subiu mais de 20%. Só neste mês, foram quase 10%. Agora, minha caixa de email e minhas redes sociais foram inundadas por pessoas que "já sabiam" dessa alta.

São analistas, influenciadores e investidores contando que "avisaram" e alertando que quem não seguir suas orientações a partir de agora vai perder a próxima onda de grandes altas dos ativos que só eles estão vendo.

Operador tira foto do celular do painel da B3, em São Paulo
Ibovespa registra alta de mais de 10% em junho - Amanda Perobelli - 28.out.2021 / Reuters

Isso gera o famoso FOMO, sigla para o Fear Of Missing Out (o medo de ficar de fora, em tradução livre). Quando você ouve (ou lê) que a Bolsa subiu 10% e sua carteira de investimento, não, inconscientemente começa a sentir-se deixado de lado, temendo perder o próximo grande lance.

Essa insatisfação tende a levar você a comprar um curso, abrir uma conta, assinar um novo conteúdo. E isso não é ruim por si só. Consumir novos conteúdos, fazer cursos e consultar novos especialistas pode te ajudar a melhorar. O ruim é fazer isso sem entender o motivo.

O Ibovespa, você deve saber, é composto por 86 ações, com diferentes pesos para cada uma. Vale, Petrobras e Itaú representam mais de 30% do índice. A Vale (VALE3) passou por maus bocados neste ano, mas subiu mais de 9% neste mês. A Petrobras (PETR4) subiu quase 30% desde 1º de janeiro. Só na primeira metade de junho, foram mais de 13%.

Se você quer seguir o Ibovespa, basta comprar fundos que repliquem o índice (chamados ETFs), como o BOVA11. Mas é importante lembrar que eles também caem, como em fevereiro e março.

O mais importante é a Bolsa ser parte da sua estratégia de investir, de forma diversificada, como um bom time de futebol, e não a sua busca pela próxima grande sacada. É bem mais fácil quebrar do que tornar-se um milionário vivendo de apostas.

Dito isso, vale dizer que o mercado financeiro realmente recebeu bons presentes nesta semana. O fato de a agência de classificação de risco S&P mudar de "estável" para "positiva" a perspectiva para o risco de crédito do Brasil é animador.

Esse tipo de "selo" está na checklist de grandes investidores internacionais. Não é o que define se eles vão colocar mais dinheiro aqui, mas pesa na hora em que estão escolhendo o destino das suas moedas. As outras grandes agências de avaliação de risco, Moody’s e Fitch, ainda carimbam a nota de crédito do país como "estável".

É um bom momento para ganhar um carimbo desses por aqui, já que um levantamento do banco UBS com gestores de family offices, responsáveis por administrar grandes fortunas mundiais, aponta que eles pretendem aumentar de 6% para 9% suas posições em mercados emergentes como o nosso.

Assim como no futebol, otimismo é bom, mas é sempre melhor evitar o clima de "já ganhou", para não levar gol num contra-ataque. Há muitos anos não se falava tanto na proximidade de uma recessão nos Estados Unidos, o verdadeiro dono da bola na economia.

O melhor, agora, é deixar de lado a inveja do Ibovespa em alta e checar o quanto as travas das suas chuteiras aguentam mais jogo. Vai pintar bola boa para quem estiver bem posicionado.

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