Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Descrição de chapéu Selic juros Banco Central

Ibovespa ficou chocho com corte dos juros?

Grandes investidores já haviam se posicionado no mercado antes da redução da Selic

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A torcida pelo início do chamado "ciclo de cortes" da taxa básica de juros (Selic) veio se avolumando desde o início do ano, a olhos vistos. Agora que finalmente chegou, o Ibovespa anda "chocho". Faz sentido, apesar de não parecer, à primeira vista.

Recapitulando a ideia geral: Juros mais baixos aumentam a maior circulação de dinheiro, com mais crédito, expansão e, possivelmente, mais lucro por parte das empresas. Logo, a Bolsa tende a subir quando os juros caem.

Vamos seguir pela ordem dos fatores (pois ela altera o produto). Em fevereiro, quando gestores de fundos renomados, como Luís Stuhlberger, da Verde Asset, e André Jakurski, da JGP, concordaram que já era hora de cortar juros e, mais ainda, disseram que não seria um grande problema mudar a meta de inflação, muita gente do mercado torceu o nariz.

Painel eletrônico indica flutuações das ações na Bolsa de Valores brasileira, a B3, em São Paulo
Painel eletrônico indica flutuações das ações na Bolsa de Valores brasileira, a B3, em São Paulo - Amanda Perobelli - 6.jul.2023/Reuters

Com o tempo, os indicadores de queda da inflação, que eles já diziam enxergar com clareza, foram levados à mesa do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto (necessidade que pontuei aqui). O corte da Selic passou, então, a parecer inevitável. A única discussão que sobrou era o tamanho: se o Copom reduziriam a taxa em 0,25 ou 0,5 ponto percentual.

Em maio, as curvas de juros (que, de maneira geral, mostram a expectativa do mercado em relação aos juros em curto, médio e longo prazo) já "diziam" que os grandes investidores do mercado financeiro enxergavam o primeiro corte em agosto.

Como é preciso lembrar sempre, não são pessoas como você e eu que movimentam os preços no mercado. Mas, sim, os grandes fundos, principalmente internacionais.

Os estrangeiros já enxergaram o movimento lá em maio e tiveram tempo para se posicionar na Bolsa para aproveitar a expectativa de aquecimento da economia. Mais de R$ 17 bilhões foram injetados por gringos na Bolsa em junho e julho.

E como você escolhe (ou escolheria) ações de empresa de outro país, que você não conhece a fundo? Vai pelas mais conhecidas, certo? Assim, o caldo desses R$ 17 bilhões foi para a panela das gigantes brasileiras. E um forte reflexo disso foi o Ibovespa, que reúne as ações mais representativas da nossa Bolsa, disparar mais de 12% entre 31 de maio e 31 de julho.

Assim, quando o tão esperado corte da Selic foi anunciado pelo Copom, na última quarta-feira (2), os movimentadores do mercado já estavam com suas posições tomadas. E o Ibovespa ficou "chocho".
Mas não vim aqui dizer que o trem já passou e bancar o profeta do passado.

Há bons lugares para procurar oportunidades que, muitas vezes, ficam abaixo do radar (ou fora do interesse) de grandes investidores. No dia seguinte ao anúncio do corte de juros, o SMLL, índice de small caps da Bolsa, ficou no positivo, enquanto o Ibovespa fechou no vermelho. Na sexta-feira, subiu 0,6%, enquanto o nosso principal indicador caía praticamente 0,9%.

Small caps são empresas com valor de mercado mais baixo e menor liquidez, ou seja, menos negociadas do que as gigantes (ou "blue chips"). Elas são mais sensíveis à economia doméstica e, principalmente, à disponibilidade de dinheiro circulando, pois costumam ainda estar buscando expansão. Mas isso não significa serem empresas pequenas. Até a Embraer é considerada small cap pela classificação da Bolsa.

O início do ciclo de cortes dos juros tem poder para aquecer a economia e levar novamente o dinheiro para dentro das empresas que precisam crescer.

Nunca é hora de apostar tudo em uma só tese, claro, mas são poucos os analistas que discordam de que é um bom momento para colocar um bocado de otimismo na carteira de investimentos.

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