Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Descrição de chapéu Selic juros inflação

Tremendamente endividados e prontos para gastar mais

Pesquisa de confederação de serviços e turismo aponta otimismo do consumidor brasileiro

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Desde abril de 2015, os brasileiros não tinham tantos planos para gastar mais dinheiro como agora. Você não leu errado e quem disse isso foi uma pesquisa da CNC (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo). A ICF (Intenção de Consumo das Famílias) atingiu seu maior nível em oito anos.

A título de curiosidade, em abril de 2015, tínhamos uma inflação de astronômicos 8,17% acumulados em 12 meses (hoje, são 3,99%). Uma taxa de juros (Selic) de 12,75% ao ano (0,5 ponto percentual abaixo da atual 13,25%).

Pessoas lotaram a rua 25 de março a busca de adereços no Carnaval. Na foto, está a loja Bendita Seja, conhecida por produtos mais elitizados. Cinco mulheres estão entre os corredores da loja, vendo mercadorias.
Pessoas lotaram a rua 25 de março a busca de adereços no Carnaval. Na foto, está a loja Bendita Seja, conhecida por produtos mais elitizados - Rubens Cavallari/Folhapress

Consultando o histórico do Boletim Focus, do Banco Central, dá para sentir um certo "otimismo" no mercado à época. Prontamente frustrado pela realidade. A tabela abaixo mostra como os especialistas esperavam que o ano terminasse e como ele realmente acabou, em meio ao processo de impeachment de Dilma Rousseff (PT).

Indicador Expectativa em abril de 2015 Realidade no fim de 2015
Inflação (IPCA) 8,2% 10,67%
Meta da Selic 13,25% 14,25%
Dólar R$ 3,25 R$ 3,90

Fonte: Boletim Focus

Agora, temos essa nova alta da intenção de consumo, justamente quando atingimos o triste recorde do percentual de famílias que se veem sem condição de pagar dívidas em atraso: 12,2%. Nunca foi tão alto, desde o início da série, em 2010, de acordo com a mesma CNC.

No geral, estamos tremendamente endividados e prontos para torrar mais dinheiro. Quem sai ganhando com isso?

O Desenrola Brasil, programa do governo para renegociação de dívidas, dá um empurrãozinho às novas compras. Limpando o nome das pessoas nos serviços de restrição ao crédito, o governo petista sustenta a tese de que passaremos por um novo período de incentivo ao consumo.

O fato de o arcabouço fiscal não prever o tal "crime de responsabilidade" no caso de descumprimento de suas metas deixou uma pulga atrás da orelha de gestores do mercado financeiro, que já esperam um aumento das injeções de dinheiro na economia.

De olho nessa perspectiva, é interessante notar que as ações ligadas a varejo e consumo ainda estão mais pressionadas do que a Bolsa em geral. O Ibovespa —principal indicador do nosso mercado— subiu mais de 8% desde o início do ano. O Icon, índice que reúne apenas ações ligadas ao consumo, subiu apenas 1,4%.

Muito além dos óbvios Magazine Luiza e C&A, esse índice tem papéis de indústrias ligadas à alimentação, como Ambev e Camil; de construtoras, como Gafisa e Even; planos de saúde, como Hapvida e Qualicorp; locadoras de veículos e muito mais.

Nos últimos 13 anos, de 2010 a 2022, o Ibovespa só se saiu melhor que o Icon cinco vezes. No total desses anos, o Ibovespa subiu 58%, enquanto esse conjunto de empresas ligadas ao consumo registrou uma alta de 74%.

A redução das taxas de juros, como a que começamos a ver agora, costuma melhorar o cenário para as varejistas, aumentando o volume das vendas, as margens de lucro e diminuindo o custo das dívidas.

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