Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Descrição de chapéu petrobras juros copom

Bolsa em festa, longe da Vale e das certezas

Índice atingiu pontuação máxima na história da existência da Bolsa, a 134.781 pontos

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São Paulo

Chegamos finalmente a mares nunca dantes navegados. O Ibovespa atingiu sua pontuação máxima na história da existência da Bolsa (134.781 pontos). Zeramos as perdas do ano —mas apenas se ignorarmos o derretimento do valor da nossa moeda no período. Contabilizando o índice em dólar, ainda acumulamos uma queda significativa de mais de 8% em 2024.

Não trouxe essa informação para jogar água no chope de nenhum investidor. É só importante ressaltar que, talvez, ainda não estejamos passando pelo momento de realização de lucros (ou seja, de uma onda de vendas para embolsar a grana ganha com a valorização recente) porque ainda não deu tanto lucro assim para os grandes investidores internacionais. Eles fazem contas em dólar.

A entrada da Bolsa em novos patamares de preço é uma oportunidade de explorar as possibilidades sem as amarras do passado, que, tradicionalmente, nos fazem imaginar que tudo é previsível, atrapalhando a busca por reais oportunidades.

Duas pessoas, uma com cabelo escuro e outra com cabelo claro, estão olhando para um painel eletrônico que exibe informações sobre o mercado de ações. O painel mostra gráficos de desempenho e cotações de várias ações, com números em verde e vermelho indicando variações de preço.
AMANDA PEROBELLI/REUTERS

O economista e professor Nassim Taleb tem uma visão interessante sobre o tema. "Nossa mente tem como principal ocupação transformar a história em algo suave e linear, o que nos faz subestimar a aleatoriedade", escreveu, no livro "Antifrágil: coisas que se beneficiam com o caos".

Em águas desconhecidas, você já sabe que precisa se preparar para o momento em que "tudo é possível". E assim tem mais chances de sair ganhando, pois fazemos apostas mais preparadas para o que é imponderável.

Entre as mudanças que mais me chamam a atenção no comportamento da Bolsa nesse novo momento está o descolamento do Ibovespa em relação à Vale. As ações da gigante da mineração correspondem a 11,29% do índice, sendo a segunda maior fatia na sua composição —os papéis da Petrobras, PETR3 e PETR4, somam praticamente 12% do Ibovespa.

Com tamanha proporção, a mineradora tem o poder de puxar ou empurrar o índice conforme o apetite do mundo pelas suas commodities. Entretanto, desde o meio de junho, quando o Ibovespa começou a reagir e engatou fortes sequências de alta, que já somam 12% de ganho, as ações VALE3 despencaram praticamente 9%. Petrobras subiu cerca de 10%.

A forte alta, mesmo com a Vale atuando como uma âncora, puxando o índice para baixo, indica um mercado mais robusto. Bom sinal. E mostra um ambiente totalmente diferente do que vimos no segundo semestre do ano passado, quando o Ibovespa subiu 13%, mas "agarrado" nos papéis da Vale, que dispararam 20%.

As possíveis mudanças de cenário têm que ser parte do seu pacote básico de investimentos. Não bastasse isso ser uma regra geral, você vive no Brasil, onde "até o passado é incerto", como diz a frase atribuída a Pedro Malan.

Veja os juros, por exemplo. Depois de muito bater na tecla de que o Banco Central tinha que reduzir a taxa Selic, e arrumar briga com o presidente do BC, Roberto Campos Neto, o presidente Lula resolveu mudar o tom sobre os cortes da taxa.

Em entrevista à Rádio Gaúcha, na última sexta-feira (16), Lula disse que o presidente do BC precisa "ter coragem" para dizer que vai aumentar ou reduzir a taxa de juros. Prestes a indicar o próximo presidente do BC, ele sabe que não dá para baixar juros na marretada.

Quem apostou alto no corte de juros, já começa a rever seus planos. Mais um ponto para a aleatoriedade.

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