Marcos de Vasconcellos

Jornalista, assessor de investimentos e fundador do Monitor do Mercado

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Descrição de chapéu Folhainvest tecnologia

A 'grande rotação' acertou o Brasil

Mudança nas apostas de grandes investidores, que teria impulsionado queda de big techs, está no centro das discussões; Brasil vive algo parecido

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Marcos de Vasconcellos

Depois que as ações da Nvidia, Amazon, Google e Meta ficaram um mês no vermelho, os analistas de investimentos internacionais agora só falam da "great rotation", a grande rotação de investimentos nas Bolsas de Valores americanas. Isso seria uma mudança nas apostas dos grandes investidores, que teria levado à recente queda das big techs e à disparada das small caps, as empresas com menor valor de mercado.

Convenhamos que o primeiro semestre trouxe ganhos vertiginosos para as gigantes da tecnologia. As ações da Alphabet, dona do Google, e da Amazon subiram cerca de 30% cada uma, de janeiro até o fim de junho. A Meta, dona do Facebook, viu seus papéis dispararem em coisa de 45%. A Nvidia, queridinha dos chips da inteligência artificial, deu mais de 150% de lucro para seus investidores. No último mês, entretanto, amargaram quedas significativas.

Fotografia mostra de baixo uma placa branza com o símbolo da Amazon em preto e amarelo. Ao fundo, o céu é cinza e árvores secas aparecem nas laterais da imagem.
Resultados trimestrais e quedas de ações de big techs tem movimentado investidores - Andrew Kelly - 02.ago.2024/Reuters

Os especialistas creditam o movimento à rotação dos interesses dos investidores. Após levarem as ações das big techs a preços historicamente altos, acham que, por ora, elas "já deram o que tinham que dar". E passaram a apostar em quem andava mal das pernas até então: as empresas menores, que precisam de capital para crescer.

Em parte, a mudança se apoia na ideia de que os juros serão cortados nos Estados Unidos a partir de setembro, bem como na noção de que havia investimentos represados até agora. Segundo o time do Bank of America, o ritmo de crescimento de lucros das empresas menores deve ultrapassar o das gigantes da Bolsa até o fim deste ano, mantendo o ritmo em 2025.

Veja bem, no primeiro semestre, o índice Russell 2000, que reúne 2.000 empresas de pequena capitalização, havia subido menos de 1%. No mês de julho, sozinho, conseguiu uma alta de 11%.

Ouso dizer que vivemos algo parecido por aqui, mas que muitos analistas de plantão, atropelados pelas imparáveis altas do dólar, que tiram o fôlego e o foco do mercado, ignoram. Olhando para os índices setoriais (espécies de Ibovespa de setores específicos), tudo fica mais claro.

Fazendo um ranking de rentabilidade com oito indicadores de setores específicos—como empresas do setor imobiliário, small caps, companhias ligadas ao consumo e de materiais básicos—, é possível ver que houve praticamente uma inversão nas rentabilidades no último mês.

Para isso, separei a rentabilidade de cada índice no primeiro semestre e o desempenho deles em julho, na tabela abaixo.

O Imob, índice que reúne ações de construtoras e incorporadoras, passou de último (8º) colocado, com uma queda de quase 16% no primeiro semestre, a primeiro colocado, entregando ganhos de quase 7% apenas em julho.

A percepção de tendência fica maior quando notamos que o MLCX, composto pelas empresas de maior capitalização da Bolsa, foi de vice-campeão (com a segunda maior rentabilidade) do período a penúltimo colocado entre os oito indicadores no mês de julho.

A tabela com os oito indicadores deixa claro como houve uma reorganização do tabuleiro de apostas no Brasil, onde as gigantes passaram a amargar derrotas enquanto as empresas mais dependentes da capacidade de consumo, como construtoras e varejistas, em ritmo olímpico, brigam pelo ouro.

Com a recente escalada do dólar, olhar para essas tabelas e para empresas menores que atuam na exportação pode ajudar e encontrar boas oportunidades nesse novo momento do ciclo de investimentos aqui e lá fora.

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