Maria Inês Dolci

Advogada especializada na área da defesa do consumidor.

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Descrição de chapéu Folhajus

Sem trens nem hidrovias, companhias aéreas fazem a festa do preço

Por quanto tempo ainda ficaremos refém das perigosas rodovias e dos abusos no transporte aéreo?

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Grandes erros estratégicos costumam provocar terríveis consequências. Foi o que ocorreu no Brasil com o abandono e o sucateamento do transporte ferroviário de passageiros. Hoje, ônibus, caminhões e carros disputam estradas precárias, pedágio caro, e as passagens de avião subiram quase 50% no acumulado anual em setembro último. A saída é fazer o que já deveríamos ter feito há décadas: retomar o transporte de passageiros por trens, mas com alta velocidade.

Foi prometido pelo Ministério da Infraestrutura, até o final deste ano, um projeto de lei para incentivar o uso e a construção de ferrovias com foco no transporte de passageiros. Espero que alguma coisa aconteça nesse sentido.

Os mais velhos ainda se lembram de como era possível viajar para outras cidades e estados de trem. Entre 1994 e 1998, por exemplo, funcionou o Trem de Prata, ligando São Paulo ao Rio de Janeiro. O fim da linha decorreu do barateamento das passagens na ponte aérea entre as duas metrópoles, e da deterioração da qualidade dos serviços prestados nos trens.

Passageiros circulam no aeroporto de Congonhas (SP), que irá a leilão em agosto - Eduardo Knapp - 8 jun.2022/Folhapress

Havia outro problema: não eram transportes de alta velocidade (trem-bala), o que fazia com que as viagens demorassem várias horas a mais do que por via aérea.

O trem-bala no Brasil foi cogitado para entrar em operação na Copa do Mundo de 2014. Ligaria São Paulo e Rio de Janeiro, passando por outras cidades neste trajeto, e com ramal para Campinas (SP). O projeto não foi em frente por diversas falhas burocráticas, de planejamento e coordenação. Ao menos até agora, parece ter sido arquivado.

O fato de não ter dado certo antes, porém, não inviabiliza que se retome esta proposta. Um país com dimensões continentais deve movimentar sua carga e passageiros preferencialmente por via férrea. É mais seguro e confortável. Pode ter preços competitivos e alta velocidade, pois a tecnologia já existe há muitos anos, e está em operação em vários países.

Além disso, deveríamos usar o imenso potencial hidroviário para transporte de passageiros. Segundo estudo da CNT (Confederação Nacional do Transporte), Aspectos Gerais da Navegação Interior do Brasil, lançado em 2019, dos 63 mil quilômetros de rios navegáveis, somente 19,5 mil são utilizados comercialmente para cargas e passageiros.

Por quanto tempo ainda ficaremos reféns das perigosas rodovias e dos abusos no transporte aéreo?

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