Maria Inês Dolci

Advogada especializada na área da defesa do consumidor.

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Maria Inês Dolci

Natal na aldeia global poderá ser mais caro e triste

Seca na Amazônia, enchente no Sul do país e guerras no Oriente Médio e na Ucrânia impactam na data

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Chegamos ao mundo previsto por Marshall McLuhan (educador e teórico em comunicação canadense), ou seja, uma aldeia global. Tudo o que acontece neste planeta nos afeta direta ou indiretamente, inclusive nos padrões de consumo.

A seca na Amazônia, as guerras na Ucrânia e no Oriente Médio, as chuvas no Sul do país impactam também a oferta de produtos e serviços. Sem informação, o consumidor dança.

Peixe morto no leito seco da enseada Papucu, no Lago de Tefe, na Amazônia
Peixe morto no leito seco da enseada Papucu, no Lago de Tefe, na Amazônia - Lalo de Almeida - 14.out.2023 / Folhapress

Basta verificar as reportagens das últimas semanas para comprovar isso, como: "Seca histórica no Amazonas pode afetar compras de fim de ano". Sim, porque o baixo nível dos rios amazônicos dificulta, e até impede em alguns casos, o transporte de cargas, tanto para dentro do estado quanto para outras regiões. E a Zona Franca de Manaus, localizada nesta região, produz televisores, celulares, aparelhos de som e vídeo, ar-condicionado, microcomputadores e motocicletas.

Se a guerra entre Israel e o Hamas escalar para outras nações da região, principalmente o Irã, os preços do petróleo poderão chegar a US$ 150 o barril, projetam especialistas, com consequências negativas em praticamente todos os preços de produtos e serviços.

Os ciclones e as tempestades com chuvas e granizo no Sul do Brasil destruíram empresas, casas, ruas e até cidades inteiras. Isso também tem peso na economia regional.

A invasão da Ucrânia pela Rússia, e a subsequente guerra que já dura 17 meses, tem feito com que bilhões de dólares, que poderiam ser utilizados para acentuar a tênue recuperação econômica global, sejam remanejados para a compra de armamentos.

E tudo isso que citei, até agora, tem efeitos muito piores, catastróficos até: mortos, feridos, doentes, destruição de empresas e de empregos, um sofrimento terrível.

Em todos os casos aqui tratados, não foram fenômenos inevitáveis que produziram insegurança e dor. Mesmo as chuvas em excesso, os ciclones, as secas, além das guerras, foram provocados pela insensatez humana. Continuamos utilizando combustíveis fósseis, desmatando, fazendo queimadas e impermeabilizando o solo com asfalto.

O cidadão, que é consumidor e eleitor, pode pressionar governos e empresas a adotarem práticas mais sustentáveis de produção e na infraestrutura das cidades, e a promover a paz, não a guerra. É uma tarefa difícil, que exige informação e mobilização. Eu disse informação, e não fake news divulgadas a esmo nas redes sociais. Informação checada e comprovada, com fontes confiáveis.

É possível que as compras de Natal sejam afetadas, sim. Mas o mais grave será festejar a data máxima do cristianismo em um mundo tomado por guerras, e com o meio ambiente devastado.

Se o quadro parecer exageradamente pessimista, volto às notícias. É o que está acontecendo nesta aldeia global. Podemos reagir? Sim. Temos tempo para isso? Cada vez menos, porque os danos são sucessivamente maiores. Como as festividades de final de ano são momentos apropriados para fazermos um balanço da vida e para projetar o futuro, vamos pensar nisso. O que podemos fazer, por mínimo que seja, para que haja mais paz e sustentabilidade?

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