Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

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Mariliz Pereira Jorge
Descrição de chapéu

É curioso pensar que os uniformes da seleção eram de algodão grosso e pesado

Companhia aérea fez ação promocional e relembrou uniformes antigos dos jogadores 

Foto preto e branca, com quatro homens de shorts e camisa
Didi, Mazzola, Pelé e Pepe, jogadores da seleção brasileira, em foto de 1958 - Folhapress

Eu não era nascida e o Brasil já tinha três Copas do Mundo. Cresci ouvindo falar muito mais do Mundial de 1970 do que dos outros dois, mas não deixei de ficar emocionada ao conversar, ainda que brevemente, com Pepe, um dos campeões de 1958.

Segundo maior artilheiro do Santos (apenas atrás de Pelé), o famoso Canhão da Vila, completou 83 anos no final de fevereiro e segue apaixonado pelo futebol, pela seleção brasileira, por sua história. Pepe assiste aos jogos da seleção como se estivesse dentro de campo, chuta a bola (faz o movimento enquanto fala), reclama de jogadas ruins, segura a emoção muitas vezes.

Nem piscou quando perguntei quem é o melhor jogador do mundo, atualmente.

"Messi". E Neymar? "Ainda vai chegar lá". Mas será esta a Copa de Messi? "Espero que não", me diz.

Pepe foi campeão pela seleção em 1958 e 1962, mas não chegou a jogar como titular por causa de contusões. Foi ele um dos homenageados numa ação da companhia aérea Gol, patrocinadora da seleção, nesta semana.

A empresa renumerou cinco voos entre São Paulo e Rio de Janeiro para cada ano em que fomos campeões, além de um entre Congonhas e Recife, que recebeu o número 2018 e teve transmissão ao vivo do amistoso entre Brasil e Alemanha.

Em cada um dos voos um campeão mundial estava presente: Pepe (1958), Mengálvio (1962), Clodoaldo (1970), Zetti (1994) e Luizão (2002). Todos os passageiros foram presenteados com camisas da seleção.

A CBF exigiu que os modelos fossem originais, o que fez a Gol ter que buscar a empresa fornecedora das três primeiras Copas, a Athleta. O nome pode não soar familiar para torcedores com menos de 45 anos, porque a sede da empresa, hoje, fica em Tóquio, no Japão.

Os jogadores mais velhos se emocionaram ao perceber que as camisas eram exatamente as mesmas que usaram no ano em que atuaram pela seleção. Para quem vive num mundo dry fit, o tecido levinho que não fica muito tempo ensopado, é curioso pensar que os uniformes eram de algodão grosso e pesado, com gola polo, muito diferentes do que vemos os jogadores desfilarem hoje nos campos.

A Athleta foi fornecedora oficial da seleção entre 1959 e 1977. Não à toa seu logotipo carrega três estrelas que representam as primeiras Copas em que o Brasil foi campeão.

Mas há outro detalhe fascinante na história dessa marca. No começo da década de 1960 os times de futebol não tinham camisa para treino, como existe hoje. A empresa ofereceu ao Corinthians, de quem era fornecedora, alguns modelos em branco e preto, com a logomarca da Athleta. Foi a partir daí que os clubes começaram a ter camisas de treino e uniforme oficiais, prática pouco comum mesmo fora do país.

Quando a parceria com a seleção acabou, a Athleta já havia perdido mercado para muitas marcar gringas que chegaram ao Brasil, com mais tecnologia e preços mais competitivos. Acabou ficando apenas no ramo de uniformes escolares, mudou a sede para o Japão, mas recentemente voltou à ativa no mercado brasileiro.

Saber de tudo isso me deixou saudosista. E nem acho que o mundo está pior, apenas diferente. Mas deu saudade da época em que futebol era suficiente para fazer a alegria de um povo. Mentira. Ainda bem que acordamos.

A jornalista viajou a convite da Gol

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