Mariliz Pereira Jorge

Jornalista e roteirista de TV.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mariliz Pereira Jorge
Descrição de chapéu Copa do Mundo feminina

Os trogloditas e o futebol feminino

Novas gerações estão aí para mostrar que o preconceito pode ser combatido e os estereótipos derrubados

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Na estreia do Brasil na Copa do Mundo, encontrei meu primo Guga na sala, muito compenetrado assistindo ao jogo que a seleção feminina venceu por 4 a 0. Aos 10 anos, ele é apaixonado por futebol, como muitos meninos de sua idade, torce para o Flamengo, acompanha o campeonato europeu, é fã de Messi. Mas tem em Marta outro ídolo e estava na expectativa de vê-la jogar e fazer gols.

Um contraste com a notícia de que a CazéTV, canal do streamer Casimiro Miguel, desativou o chat da transmissão da partida entre Nova Zelândia e Noruega pela avalanche de comentários misóginos. Talvez seja tarde para salvar os trogloditas que zombam de mulheres que abraçaram o esporte, mas as novas gerações estão aí para mostrar que o preconceito pode ser combatido e os estereótipos derrubados.

Marta concede autógrafos na chegada da seleção ao último treino, em Adelaide, Australia - Thais Magalhães/CBF

Crianças são expostas a diferenças de gênero desde que nascem. Ao longo do desenvolvimento passam a internalizar as informações que recebem, mas isso não significa que a compreensão básica das diferenças resultará num comportamento sexista. O que molda um futuro cidadão é como ele é encorajado a brincar, a agir, a se relacionar.

Mais do que a criança ouve é o que ela vê e como passa a entender o mundo. Vale para a divisão de tarefas domésticas, para os esportes que é incentivada a praticar, as cores que têm permissão para vestir. Por isso é tão danoso o discurso de que "meninas vestem rosa, meninos vestem azul", que reforça os estereótipos de gênero que produzem o preconceito que se vê neste Mundial.

Assim como meu primo, os filhos adolescentes de um amigo têm acordado de madrugada para acompanhar os jogos. Não passa pela cabeça deles a discussão machista sobre a presença feminina no futebol. É um não-assunto para as novas gerações. Meu primo só estava curioso sobre Marta usar batom nas partidas (segundo ele, "ela vai ficar toda borrada") e muito preocupado que o Brasil vai enfrentar a França no próximo sábado.

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.