Marina Izidro

É jornalista e vive em Londres. Cobriu seis Olimpíadas, Copa e Champions. Mestre e professora de jornalismo esportivo na St Mary’s University

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A vitoriosa ou a controversa? Qual versão de Djokovic você enxerga?

Ídolo para uns, negacionista para outros, sérvio tem trajetória que não vai terminar tão cedo

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Era questão de tempo. De "quando", não de "se." Com o número 23 bordado na jaqueta vermelha, Novak Djokovic subiu em um pequeno palco na quadra central de Roland Garros para receber o troféu de campeão, no último domingo (11). Olhou para o céu, deu um abraço apertado na taça, com o sorriso de quem sabia que seu recorde estaria a salvo por pelo menos uma geração.

Ao se tornar o maior vencedor de Grand Slams no masculino e agradecer em um francês perfeito, ultrapassou com 23 títulos os 22 de Rafael Nadal, que fez cirurgia no quadril, vai ficar fora por vários meses e já anunciou que 2024 pode ser seu último ano como profissional. Na sequência, vem uma lista de aposentados: Roger Federer, com 20, Pete Sampras, com 14, e por aí vai.

Carlos Alcaraz é o novo queridinho do tênis e merece, mas aos 20 anos e com um US Open no currículo, ainda tem muita bola para rebater. O sérvio não está nem perto de deixar as quadras, mas, até agora, qual legado está deixando? Parece que depende do ponto de vista.

Djokovic com o troféu de Roland Garros, o seu 23° de Grand Slam - Emmanuel Dunand - 11.jun.23/AFP

Quando você o vê, qual imagem Djokovic te transmite? A do atleta de 36 anos com preparação física e mental impressionantes? Que sempre disse como o cuidado com a dieta lhe deu longevidade na carreira e que deixa adversários em pânico mesmo antes de entrar em quadra –principalmente quando é preciso vencê-lo em melhor de cinco sets?

Você se lembra de o quanto ele é engraçado ao fazer imitações hilárias dos amigos tenistas, ou de como defende os direitos de atletas de rankings mais baixos?

Você admira como sua determinação e talento o fizeram ser recordista por semanas como número um do mundo? Aprecia como ele, esteja certo ou errado, não tem medo de se manifestar sobre temas sensíveis —como quando escreveu "Kosovo é o coração da Sérvia. Parem com a violência", em Roland Garros?

Ou acredita que sua imagem quase perfeita foi manchada de forma irreparável pelo negacionismo durante a pandemia? Considera egoísmo e quase maldade o fato de ele não só não se vacinar contra a Covid-19 como organizar um torneio de tênis com torcida e multidão que terminou com vários contaminados, inclusive ele, em um momento em que milhões ao redor do mundo estavam trancados em casa ou de luto pela perda de amigos e familiares? É possível perdoar quem ganhou o apelido de No-vax?

Em um ponto acho que todos podemos concordar. Ao ser questionado na entrevista coletiva de Roland Garros como se sentia ao se tornar o maior tenista da história no masculino, respondeu que não diria isso porque "seria desrespeito com todos os campeões de eras diferentes". Melhor deixar mesmo para lá a discussão sobre quem é o GOAT – greatest of all time, ou melhor de todos os tempos. Cada um tem o seu preferido, e tudo bem.

Se o seu favorito é Djokovic, imagino que esteja feliz de torcer por alguém capaz de conquistar o Aberto da Austrália dez vezes, Roland Garros três, ser heptacampeão de Wimbledon e tricampeão do US Open. Primeiro tenista na história a vencer ao menos três vezes cada um desses torneios.

Se não gostar dele, saiba que a lista de recordes deve aumentar. Wimbledon começa dia 3 de julho com grandes chances de o sérvio levar o 24º Grand Slam da carreira e se igualar a Margaret Court, recordista de simples entre homens e mulheres.

A ver se na grama londrina Djokovic consegue ganhar o amor do público, que costuma preferir Federer ou Nadal. Não que o sérvio sinta a pressão.

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