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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Ex-Odebrecht Óleo e Gás quer superar bloqueio da Petrobras

Quase toda a receita da Ocyan, de cerca de R$ 3 bilhões ao ano, vem da estatal

Maria Cristina Frias

Antiga Odebrecht Óleo e Gás, a Ocyan tenta vencer o bloqueio imposto pela Petrobras que a impede de participar de novas licitações da estatal. 

Quase toda a receita da Ocyan, de cerca de R$ 3 bilhões ao ano, vem da Petrobras. Como tinha contratos de longo prazo firmados com a petroleira antes do bloqueio cautelar, ela continua a prestar serviços —o de Libra vai até 2029.

“Queremos entrar em novas concorrências, como a do campo de Marlim [na Bacia de Campos, RJ]. Só posso dizer que são valores altos, e temos nos preparado para isso”, diz Roberto Simões, presidente da Ocyan.

Este braço da Odebrecht atua na petroleira com sondas de perfuração na fase de exploração, navios de produção que ficam estacionados nos poços, conexão subaquática e manutenção de equipamentos.

Mesmo que o acordo de leniência da Odebrecht com a AGU (Advocacia Geral da União), a CGU (Controladoria Geral da União) e o MPF (Ministério Público Federal), esperado para fechar em maio, não saia, a Ocyan vê alternativas.

Uma delas é entrar como subcontratada da norueguesa Teekay, que já é sua parceira, e que pode participar das concorrências da Petrobras.

“No arranjo com a Teekay, nossos direitos podem ser alterados durante a vigência do contrato.” O acordo liberaria a empresa para entrar nos próximos projetos da estatal. 

“A Petrobras diz que desbloquearia independentemente, mas não vimos ninguém se livrar da proibição da estatal sem acordo com AGU e CGU.”

Os planos são para operar também no exterior. “Mas avaliamos. Tínhamos México e Angola. Na parte offshore, em que temos mais conhecimento, os dois sofreram muito.”

Para Simões, o preço do barril está muito alto. “Não vejo fundamento para continuar na faixa de US$ 75 (R$ 254), como hoje. Até o fim deste ano, deverá estar cerca de US$ 60 (R$ 203), US$ 65 (R$ 220).

 

Ibama facilita cadastro de empresas poluidoras

O Ibama mudou a lógica da classificação de empresas potencialmente poluidoras.

O órgão publicou, na semana passada, uma norma que lista atividades —até então, havia uma tabela por tipo de negócio, diz Rebeca Stefanini, advogada do Cescon Barrieu.

“Era genérica. Temos clientes que importam lubrificante, que podia ser tanto produto perigoso como comércio de derivados de petróleo. Não sabíamos onde registrar e consultávamos o Ibama.”

Frequentemente as superintendências dos estados tinham interpretações diferentes, diz Suely Araújo, presidente do órgão.

A nova organização tem fichas com as descrições das atividades poluidoras.

Há cerca de 500 mil empresas inscritas, e 20% delas precisam recolher um tributo, a TCFA (Taxa de Controle e Fiscalização Ambiental).

“Temos 5.000 casos administrativos em que as empresas contestam a cobrança. Geralmente, depois eles procuram a Justiça”, diz Araújo.

Advogados afirmam que a nova norma fará o número de processos cair.

“Os clientes se equivocavam ao se cadastrar. Sempre teve questionamento administrativo e na Justiça, mas com as alterações fica claro quem é o sujeito passivo da taxa”, diz Iris Zimmer, do Siqueira Castro.

 

Varejo paulista fecha 23,7 mil vagas no 1º bimestre do ano

O comércio varejista do estado de São Paulo fechou o primeiro bimestre do ano com um saldo negativo de 23,7 mil empregos formais, segundo a FecomercioSP (federação do comércio).

Em fevereiro, foram 5,8 mil vagas a menos no segmento.

Os resultados vêm após três bimestres de números positivos para o setor, e refletem a demissão dos profissionais temporários contratados no fim do ano passado.

“O total de trabalhadores temporários dispensados foi maior que no início de 2017, mas também houve mais contratações”, diz Jaime Vasconcellos, assessor econômico da entidade.

“No geral, o dado mostra que o empresário ainda não tem condições ou confiança para investir em mão de obra. A retomada da economia tem sido tímida demais.”

As lojas de vestuário, tecidos e calçados foram as que mais demitiram no acumulado dos dois primeiros meses de 2018. Ao todo, fecharam 13,6 mil vagas.

Em seguida, vêm os supermercados, com 10,4 mil.

Mesmo com esse panorama, a entidade prevê que o quadro se reverta. A estimativa é fechar o ano com geração de ao menos 6.000 postos de trabalho.

 

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi, Ivan Martínez-Vargas e Arthur Cagliari   

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