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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Descrição de chapéu greve dos caminhoneiros

Locadoras entregam carro sem tanque cheio devido à paralisação de caminhoneiros

Cerca de 30% da frota das locadoras para aluguéis diários ficaram indisponíveis

Maria Cristina Frias

A greve dos caminhoneiros levou empresas de aluguel de veículos a entregar carros para os clientes sem o tanque de combustível cheio.

“Em alguns casos entregamos os automóveis com sete oitavos da capacidade, mas conseguimos normalizar tudo para o feriado”, afirma Renato Franklin, presidente da locadora Movida.

“Tivemos devoluções antecipadas, e os carros que voltaram para as lojas tiveram que ficar um tempo parados. Vínhamos em um mês muito superior [de resultado], até a greve nos levar novamente para o nosso patamar normal.”

Alguns clientes postergaram viagens, mas a maior parte dos impactos será mitigado a curto prazo, afirma Bruno Lasansky, da Localiza.

“O que ocorreu [na paralisação] foram pequenas adequações, como o cliente receber um veículo de categoria superior por não ter disponível o que solicitou, ou não sair da loja com o tanque 100% cheio.”

As empresas que não têm uma frota tão grande para fazer um rodízio dos automóveis sofreram mais, afirma Paulo Miguel Jr., presidente da Abla (associação do setor).

A estimativa é que 30% dos 280 mil carros (cerca de 85 mil) que compõem a frota nacional das locadoras para aluguéis diários tenham ficado indisponíveis, de acordo com a entidade.

“A questão do momento é o preço do combustível, que está em um patamar bem elevado e leva a um pico nos custos. A tendência, porém, é que a situação se normalize em breve.”

 

Serviços paulistas empregam

O setor de serviços gerou 79,4 mil empregos no estado de São Paulo no primeiro trimestre de 2018, segundo a FecomercioSP (federação do comércio).

Com o resultado positivo, o estoque de vagas do segmento chegou a 7,38 milhões em março, o maior patamar desde setembro de 2016.

“Há um componente sazonal porque a época concentra contratações, mas a recuperação vai além dela. Nenhuma das 12 atividades monitoradas fechou postos no período”, diz Jaime Vasconcellos, assessor econômico da entidade.

As áreas de educação e serviços administrativos foram as recordistas na geração de trabalhos, com 26 mil e 17,4 mil no trimestre, respectivamente.

A tendência de admissões segue positiva, mas o ritmo deverá ser menor.

“Não teremos mais meses com saldos de 30 mil vagas. O quadro econômico, afetado pela paralisação dos caminhoneiros, poderá reduzir o consumo das famílias”, afirma.

 

Metais para exportação

A Kohler, fabricante de louças sanitárias e metais para de banheiros e cozinhas, deverá investir cerca de R$ 55 milhões em sua operação brasileira até o início de 2019.

A maior parte do aporte será feito na planta da filial brasileira, em Andradas (MG).

“Aplicamos no país aproximadamente US$ 100 milhões [cerca de R$ 373 milhões em valores atuais] desde que chegamos em 2014. Acabamos de duplicar a área construída. Agora queremos melhorar a capacidade fabril”, diz o CEO no Brasil, Jimmy Romero.

A unidade produz hoje louças para as marcas Fiori —adquirida em 2014 e que representa 80% da receita local da empresa— e Kohler. Os metais são importados.

O montante será destinado à produção e à instalação de novas máquinas na fábrica.

“Os equipamentos serão  feitos localmente por meio de parcerias que firmamos, com peças e tecnologia importadas”, afirma o executivo.

“Nossa capacidade instalada está em 80%. O plano é duplicar o volume produzido.”

A companhia cresceu durante a crise por conta das exportações. Os EUA são o maior cliente, mas a filial atende também países da América Latina, diz Romero.

1.000
são os funcionários no país

 

De bicicleta, sem parar

As empresas que oferecem o serviço de entrega por bicicletas notaram uma alta de demanda nos dias em que faltou combustível para automóveis em decorrência dos bloqueios promovidos pelos caminhoneiros.

“Não conseguimos atender alguns pedidos”, diz Victor Ferraz, da EcoBike. Em três dias, o faturamento foi semelhante a duas semanas em que não há falta de gasolina, afirma.

A Carbono Zero Courier notou queda de demanda de alguns clientes regulares —empresas que diminuíram ou interromperam suas atividades em decorrência da paralisação.

Outros fatores, no entanto, mais que compensaram a perda, diz o sócio Leonardo Lorentz. Alguns fregueses que negociavam havia meses fecharam contratos.

“Nós também atendemos empresas que usam outros tipos de transporte, como motos. Nos dias sem combustível, elas trabalharam só conosco. No geral, fizemos 50% a mais de viagens.”

 

Parem as máquinas Cerca de 59% da indústria de eletroeletrônicos interrompeu, total ou parcialmente, seu processo produtivo por causa da greve dos caminhoneiros, segundo a Abinee (associação que representa o setor).

Oriente A China é o país de onde brasileiros mais compram na web: 63% dos que importaram trouxeram produtos de lá. Os dados são da transportadora UPS. O Brasil tem a maior taxa de satisfação em relação ao comércio online.

 

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas

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