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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Descrição de chapéu greve dos caminhoneiros

Transportadoras negam que paralisação seja um locaute

Maiores empresas têm contratos que permitem reajustes e não perdem margens com alta do diesel

Maria Cristina Frias

Empresários de transportes se defendem da acusação de locaute (paralisação por proprietários como instrumento de pressão), feita pelo ministro da Segurança, Raul Jungmann, e pelo procurador-geral do Trabalho, Ronaldo Fleury.

As maiores transportadoras têm contratos que permitem reajustes e, portanto, não perdem margens de lucro com a alta do diesel, como os autônomos, diz Ramon Alcaraz, sócio da Fadel, que atende marcas de alimentos.

“Se fosse realmente um movimento das companhias, a greve já teria acabado —os empresários acham que o governo deu o que podia e mais um pouco. [A paralisação] ainda não terminou porque não há liderança específica.”

 

As declarações de autoridades que levantam a hipótese de locaute são “levianas, infelizes e infundadas”, afirma.

“Eles dizem que há transportadoras [que aderiram à greve], então quais são elas?”, questiona Pedro Moreira, presidente da Abralog, Associação Brasileira de Logística.

“Os nossos associados não fizeram movimento para estimular a paralisação. Desde o início, estão preocupados em atender os clientes e buscar rotas alternativas.”

As empresas também têm prejuízos com a greve, afirma um sócio de uma companhia que pede para não  ser identificado. Cerca de 25% de sua frota está parada, com produtos em deterioração e sem seguro para essas perdas, diz.

O caso da G10, que tem 1.600 caminhões, é semelhante, segundo Claudio Adamuccio, presidente do grupo.

“Todos os nossos veículos estão bloqueados em estradas. O prejuízo é milionário porque metade dos clientes tem contratos que preveem multa em caso de não cumprimento. Vou entrar na Justiça para impedir cobranças.”

 

A greve de caminhoneiros tem afetado a montagem, a logística e o comparecimento do público a eventos e feiras corporativas.

“Há dificuldade para montar estandes, produtos presos nas estradas, eventos inteiros sendo cancelados e outros que não conseguem ser desmontados”, diz Fátima Facuri, presidente da Abeoc (associação das empresas de eventos).

A entidade ainda não tem estimativas do número de cancelamentos ou dos prejuízos causados pela paralisação.

No último fim de semana, por exemplo, uma feira do CIEE (Centro Integração Empresa-Escola) para estudantes em busca de estágio teve cerca de 12 mil pessoas presentes, segundo o superintendente Ricardo Melantonio.

“A expectativa inicial era de algo entre 60 mil a 75 mil”, diz.

“O quadro será pior se a situação se alongar. Até aqui o maior problema é a dificuldade para se chegar aos locais”, diz Toni Sando, presidente executivo da Visite São Paulo, que fomenta eventos na cidade.

“Tudo ficará pior quando o abastecimento de insumos for comprometido. O lado bom é que o feriado [do dia 31] nos dará fôlego porque naturalmente há menos feiras.”

 

Paralisação causou prejuízo de R$ 370 milhões ao setor de vidros

O setor de vidros teve prejuízo de R$ 370 milhões com a crise dos transportes de cargas, afirma o superintendente da Abividro, a associação do segmento, Lucien Belmonte.

A produção é contínua, pois os fornos não podem perder temperatura, mas não há material para alimentá-los —a areia que, queimada, toma a forma de vidro.

“É preciso abastecer [a linha de fábrica] sempre. Sem matéria-prima, que dura dois ou três dias, nós quebramos os vidros que acabaram de sair do forno em cacos e os recolocamos em seguida.”

A entidade obteve liminar na Justiça para que os fornecedores trouxessem o material, mas não foi possível furar os bloqueios, afirma.

A greve dos petroleiros é outra ameaça —sem gás, os fornos não são aquecidos. “Pelo que conversei, não faltará. Se isso acontecer, o prejuízo será absoluto”, afirma Belmonte.

 

Venha de lata

A fabricante multinacional de latas de alumínio Ball vai fazer uma série de investimentos em sua operação na América do Sul neste ano.

Cerca de R$ 55 milhões serão aportados na ampliação do portfólio de parte das 12 fábricas da empresa no Brasil.

“Nem todas as nossas plantas no país produzem todas as linhas. Vamos levar mais variações de latas para unidades em Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio e Pernambuco”, diz o CEO da marca para o subcontinente, Carlos Pires.

O maior desembolso da companhia na região, de aproximadamente R$ 300 milhões, será aplicado na construção de uma fábrica no Paraguai, na região metropolitana de Assunção, que entrará em operação em 2019.

“A produção será de um bilhão de latas por ano. Vai atender basicamente o mercado local, mas poderá abastecer Uruguai e o norte do mercado argentino.”

Haverá ainda a construção de uma linha de produção de latas na Argentina, que receberá cerca de  R$ 135 milhões.

No Chile, a filial da Ball terá cerca de R$ 55 milhões para aumentar sua capacidade produtiva em 400 milhões de recipientes, para 2,1 bilhões.

R$ 1,7 bilhão
foi a receita com vendas na América do Sul no 1º trimestre

2.000
são os funcionários no país

 

Turnê... O ministro do Turismo, Vinicius Lummertz, foi à China apresentar oportunidades de investimento no Brasil. São US$ 4,5 bilhões (R$ 16,8 bi) em resorts, parques e portos.

...asiática Outro objetivo é promover o turismo chinês no Brasil. Cerca de 135 milhões viajaram para outros países em 2017, mas só 61,2 mil vieram ao país, segundo o ministro.

Eleição A ABiogás fará encontros com presidenciáveis para ouvir propostas para o setor de biocombustíveis. O primeiro será com Ciro Gomes (PDT).

 

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas

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