Mercado Aberto

Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mercado Aberto

Após boom de 2017, remessas para fora crescem, mas em ritmo desacelerado

Uma parcela do dinheiro é enviado por quem tem parentes fora do país

Maria Cristina Frias

O volume de recursos enviado de pessoas físicas do Brasil para contas-correntes em outros países aumentou neste ano, mas houve uma desaceleração brusca do crescimento.

A variação positiva no primeiro semestre foi de 13,5%. No mesmo período do ano passado, houve um boom de 74% em relação a 2016. As informações são do Banco Central.

Parte do dinheiro é enviado por pessoas que têm parentes em outros países, diz Roy Martelanc, coordenador de finanças da FIA (Fundação Instituto de Administração).

Cédulas de Real - João Wainer - 29.nov.10/Folhapress

“São valores para manutenção da vida lá fora, e aumenta quando há mais emigração. Essa desaceleração é um indício de que a saída de brasileiros ainda acontece, mas se estabilizou. O momento de maior desalento fico para trás.”

Se a economia do Brasil voltar a crescer no ano que vem, a maioria dos que deixaram o país voltará, e essa rubrica cairá, segundo o economista.

A busca por diversificar portfólio também tem feito brasileiros enviarem recursos para fora, segundo Andreas Perdicaris, diretor de câmbio da Hayman Woodward, consultoria especializada em intercâmbio de valores.

“Não é necessário estar nos EUA para abrir uma conta bancária no país e, apesar dos limites diários, é possível fazer remessas e depois aplicar.”

A maior explicação para a alta, no entanto, é mesmo de pessoas que se mudaram para o país, diz Perdicaris.

“Mesmo com o Trump, o número de brasileiros aqui (Miami) tem aumentado —o número de vagas legais não caiu.”

 

Supermercado no interior

A rede de supermercados Covabra, que atua na região metropolitana de Campinas, vai investir cerca de R$ 30 milhões neste segundo semestre em seu plano de expansão.

A companhia, que inaugurou uma unidade em Itupeva (SP) em março, vai abrir outra em Vinhedo (SP) em setembro e faz obras em seu centro de distribuição em Sumaré (SP).

“Estamos em adaptação do edifício, que receberá os escritórios da empresa até o mês que vem”, afirma o diretor-geral, Ronaldo dos Santos.

Cada loja nova demanda aportes que variam entre R$ 8 milhões (em caso de aluguel de terreno) e R$ 20 milhões (quando há aquisição da área), segundo o executivo.

“A nossa previsão é crescer ao menos 15% neste ano, graças à entrada de novas lojas e ao amadurecimento de unidades que inauguramos em 2017”, afirma ele.

A marca deverá abrir também um supermercado em Jundiaí (SP), em 2019.

Raio-X

R$ 819 milhões
foi o faturamento no ano passado

R$ 1 bilhão
é a receita bruta projetada para 2018

15
são os supermercados da rede atualmente

2.400
são os funcionários da companhia

 

Busca por complexidade

A farmacêutica AstraZeneca planeja aumentar o número de pesquisas feitas no Brasil, segundo o presidente da companhia no país, Fraser Hall.

A empresa tem um investimento de US$ 20 milhões (R$ 77,7 milhões no câmbio atual) previsto para iniciativas no mercado brasileiro nos próximos dois anos.

“Já fazemos um pouco de pesquisa básica no Brasil, mas estamos em preparação para trazer áreas mais avançadas”, afirma o executivo.

Parte dos recursos será direcionada para a realização de mais estudos clínicos. “Temos 25 em andamento por aqui atualmente.”

A AstraZeneca deverá lançar ainda neste ano um medicamento para asma severa e deverá entrar no segmento de hematologia, com um tratamento para um tipo raro de linfoma.

A empresa tem 144 moléculas em desenvolvimento mundialmente e busca aprovação da matriz para trazer novas linhas de produção para o país, cujas vendas tem crescido 10% em volume, diz ele.

US$ 10,3 bilhões
(R$ 40 bi) foi a receita global da AstraZeneca no primeiro semestre

US$ 2,7 bilhões
(R$ 10,5 bi) foi o faturamento com produtos oncológicos

US$ 1,5 bilhão
(R$ 5,8 bi) foi o lucro operacional no período

 

Cheiro de jato novo

A redução no estoque global de jatos executivos usados deverá ser um dos fatores a impulsionar a demanda em 2019, segundo empresas do setor.

“Nos últimos 12 meses a situação mudou completamente no mercado secundário”, diz Jean Rosanvallon, presidente da Dassault Falcon Jet.

A fabricante francesa entregou duas aeronaves no Brasil neste ano, uma delas da linha mais sofisticada do grupo, com preço a partir de US$ 60 milhões (R$ 232,9 milhões).

“Muitos compradores em potencial estão no aguardo das eleições, mas vemos muito potencial no país. O ano de 2019 certamente será muito mais entusiasmante.”

“Os estoques caíram no último ano porque grandes mercados como os EUA têm comprado muito na área executiva”, afirma Leonardo Fiuza, presidente da Tam Aviação Executiva, que representa a Cessna no Brasil.

“A tendência é que [2019] seja melhor, mas dependerá muito do cenário político.”

 

Mais presentes A receita com vendas na semana do Dia dos Pais foi 7,7% maior que a registrada no mesmo período do ano passado, segundo a Cielo. A alta foi influenciada pelos setores de supermercados e vestuário.

Empresa gaúcha O grupo Zaffari vai lançar sua marca de administradora de shoppings, a Airaz. A nova empresa concentra a gestão de 12 empreendimentos no Rio Grande do Sul e um em São Paulo —o Bourbon. 

Startup A Pagga, de tecnologia de pagamentos para a área de recursos humanos, investiu R$ 14 milhões no desenvolvimento de uma plataforma de comunicação corporativa e automação de processos de gestão de pessoas.

 

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi e Ivan Martínez-Vargas

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.