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Maria Cristina Frias, jornalista, edita a coluna Mercado Aberto, sobre macroeconomia, negócios e vida empresarial.

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Lei de proteção de dados deve impactar contratações em tecnologia da informação

Norma pode elevar em até 30% a demanda por profissionais do setor

A Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais, sancionada na última terça (14), deverá aumentar a demanda por profissionais de tecnologia da informação, mas em ritmo menor que o visto na Europa, que atravessou um processo similar.

Um dos motivos é que as empresas terão 18 meses para se adequar às mudanças, um intervalo que permite treinar os próprios funcionários, diz Frederico Costa, da consultoria de recrutamento Randstad.

“Diferentemente da Europa, onde muitos terceirizaram de ponta a ponta e a busca por profissionais cresceu de 70% a 80%, no Brasil deverá ter uma procura 20% a 30% maior nas áreas de TI.”

Muitas companhias serão obrigadas a trabalhar com os próprios colaboradores porque não há oferta de mão de obra especializada em quantidade suficiente no país, afirma Guilherme Filgueiras, da consultoria Michael Page.

“Se estivéssemos em um mercado maduro, acredito que o serviço de contratações aumentaria ainda mais.”

As empresas ainda não começaram a procurar as consultorias para trazer candidatos, segundo Rodrigo Michelino, da Experis, ligada ao grupo Manpower.

“Pelo que temos conversado com os clientes, eles ainda precisarão entender melhor a questão, discutir suas políticas de segurança para só então analisarmos o tamanho das buscas [por mão de obra].”

Mesmo que o tempo de implementação seja longo, há chances de uma alta de contratações semelhante à europeia acontecer no Brasil, diz Caio Arnaes, da Robert Half. 

“Estamos alguns passos atrás da Europa no momento em que a lei foi lançada por lá.”

 

Produção a todo vapor

A farmacêutica Merck, de origem alemã, vai aportar R$ 130 milhões em sua fábrica no Rio de Janeiro até o fim de 2019 para expandir a capacidade produtiva da unidade.

“Cerca de R$ 60 milhões serão aplicados até dezembro, e o restante em 2019. Não temos ociosidade hoje na planta e vamos lançar cinco produtos até o fim do próximo ano”, diz o CEO do laboratório no país, Guilherme Maradei.

O principal remédio a ser produzido é o Glivance, recém-liberado para comercialização no país.

A molécula será usada no tratamento da diabetes tipo 2. Ela combina duas substâncias que hoje só são encontradas separadamente, segundo Maradei. Uma estimula o pâncreas a produzir insulina e a outra diminui a resistência ao hormônio.

“Fizemos o desenvolvimento aqui no Brasil. O investimento foi de R$ 3 milhões. Nossa ideia é expandir a capacidade de fabricação de medicamentos do tipo em 22% no próximo ano”, afirma.

A área de produtos a serem usados por pacientes com doenças crônicas será a responsável por 80% dos lançamentos previstos pela multinacional até 2020.

€ 7,12 bilhões
(R$ 32,23 bi) foi a receita líquida global no 1º sem.

1.500
são os funcionários da empresa no Brasil

 

Com eleição, pessoa física ganha relevância na Bolsa

A indefinição do cenário eleitoral já é responsável pela mudança do perfil dos investidores na Bolsa —as instituições financeiras e os estrangeiros, que tomam decisões mais analíticas, perderam relevância.

Quase 20% do volume financeiro negociado em julho teve origem em operações de pessoas físicas, segundo a B3. Havia 18 meses que um patamar como esse havia sido observado.

A tendência não se deve a uma participação maior de indivíduos, mas à diminuição dos outros, segundo Joelson Sampaio, da FGV. Isso vai se intensificar nas próximas semanas, diz.

“As eleições aumentam a volatilidade, principalmente essa, que está muito aberta. Elas mudam as expectativas, e há migração para investimentos mais seguros.”

A crise da lira turca, que faz estrangeiros evitarem mercados emergentes, é um fator citado por Sampaio.

A situação de incerteza deverá seguir igual até a segunda quinzena de setembro, segundo Roberto Indech, analista chefe da corretora Rico.

“Os investidores institucionais têm saído aos poucos. Quando for possível vislumbrar um segundo turno, haverá uma volta dos profissionais.”

O nome do candidato que estiver na frente, porém, pode fazer a oscilação se intensificar, segundo Rafael Giovani, diretor da Spinelli.

“Se o mercado cair, devemos ter queda da participação de pessoas físicas.”

 

Milho estocado

As incertezas sobre o tabelamento de frete levaram o setor de grãos a revisar de 32 milhões para 20 milhões o volume de milho previsto para ser exportado neste ano, segundo a Anec (associação setorial).

“O Mato Grosso é o grande exportador agora e 50% da carga vai pelo porto de Santos. É um percurso em que o frete passa a ser mais caro que o próprio produto”, diz o diretor-geral Sérgio Mendes.

“As empresas que vendem são muito grandes, mas a margem é muito estreita, em média, de 2%. Além disso, somos regidos pelos valores das commodities nas bolsas e não podemos ajustar tanto os preços”, afirma o executivo.

 

Médico... A Tel Doctor, empresa de telemedicina, em que atendimentos são feitos à distância, recebeu um aporte de R$ 13 milhões para entrar em funcionamento.

...à distância Um investimento adicional de US$ 1,5 milhão (R$ 5,9 milhões) também será feito pela gestora de investimentos M.A.I.A.S., que tem participação na empresa.

 

com Felipe Gutierrez, Igor Utsumi (interino) e Ivan Martínez-Vargas

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