Recentemente, uma amiga me contou que estava incomodada com a minha obsessão com pesquisar, escrever e falar sobre envelhecimento e felicidade.
“Você só escreve sobre velho, só gosta de conversar com gente velha. Diz que tem 93 anos e usa uma camiseta com os dizeres: ‘Velho é lindo!’. Eu posto no Instagram fotos dos meus filhos e netos, você só posta fotos dos seus velhinhos de mais de 90 anos. Até Academia da Terceira Idade está fazendo. É muito chato e deprimente ouvir o tempo todo que velho não é o outro, que eu também sou velha. Sei que é o seu projeto de vida, mas você não se cansa dessa militância full time contra a velhofobia?”
Um leitor também pediu: “Por que você não para de falar sobre velhos? É importantíssima a sua fala sobre invisibilidade, preconceito e violência contra os mais velhos. Mas você tem tantas pesquisas bacanas, sou seu fã. Gosto muito quando você escreve sobre amor, sexo e traição”.
Entendo que eles queiram que eu escreva sobre outras questões. E prometo que mudarei de assunto na próxima coluna. Mas nesta terça (1º) é comemorado o Dia do Idoso, e eu não posso perder a oportunidade para refletir sobre nossos medos, preconceitos e sofrimentos associados ao envelhecimento.
Cada brasileiro que ignora, desrespeita e ofende os mais velhos deveria reconhecer que também é ou será velho um dia.
Aqueles que são negligentes, violentos e abusam financeiramente das pessoas de mais idade, que xingam as mulheres mais velhas de feias, estão construindo o seu próprio destino como velhos.
Se cada um de nós começar, dentro de casa, a escutar com atenção as histórias dos seus pais e avós, reconhecer sua importância e valor, enxergar a beleza de todas as fases da vida, cuidar com carinho e demonstrar admiração e gratidão por tudo o que as pessoas de mais idade representam, não vou mais precisar falar tanto sobre velhos, não é verdade?
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