Mônica Bergamo

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Descrição de chapéu Coronavírus

Depois de demissões, Fogo de Chão reabre unidades, diz que pandemia foi 'um meteoro' e afirma que vai recontratar

Rede de churrascarias mandou embora 420 funcionários na crise do Covid-19

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A churrascaria Fogo de Chão —que fechou todas as suas oito unidades na epidemia do novo coronavírus, demitiu 420 funcionários e passou a enfrentar uma batalha na Justiça trabalhista para que fossem reincorporados, começou a reabrir suas lojas.

PASSO

A primeira, na quinta (9), foi a de Moema, em SP. Em tempos normais, ela receber 300 clientes. Foi readaptada para 130. E atendeu 83.

PASSO 2 

A unidade de Moema tinha 65 funcionários antes da Covid-19. Com as demissões, manteve oito. E agora recontratou 15.

QUERO MAIS 

“Ver os clientes voltando, depois de quatro meses fechados, foi uma emoção”, diz Paulo Antunes, diretor da empresa. “Vamos lutar até o fim para reabrir todas as lojas e ter todos os clientes e funcionários de volta.” O ritmo de recontratações dependerá da velocidade do retorno da clientela. “Acredito que em duas semanas recontrataremos 80 pessoas”, diz.

DANÇA 

A próxima unidade a ser reaberta será a de Botafogo, no Rio, no domingo (12). Na segunda (13), serão reabertas as unidades da avenida Bandeirantes e dos Jardins, em SP. O temor, no entanto, “ainda é enorme”, afirma ele. “A pandemia caiu como um asteroide sobre nós”, diz o executivo.

Leia abaixo a íntegra da entrevista do diretor da Fogo de Chão, Paulo Antunes, à coluna:

Como está sendo a reabertura das unidades?
A primeira, em Moema, em São Paulo, foi aberta hoje (quinta,9). No domingo (12), vamos abrir em Botafogo, no Rio. E na segunda (13), na avenida Bandeirantes e nos Jardins, em SP. Brasília permanecerá fechada. O [governador] Ibaneis [Rocha] fez uma promessa de liberar [a volta de restaurantes] no dia 15.

Serão cinco, de um total de oito lojas. Vamos avaliar como elas estão indo para decidir os próximos passos.

Hoje foram muitos clientes em Moema, que estavam com saudades. Seguimos todos os protocolos de segurança e prevenção. Tiramos a temperatura ds pessoas na entrada, colocamos um carpete sanitarizante, álcool gel.

As pessoas são acompanhadas até as mesas de máscara. Se elas não têm, o restaurante oferece. Nas mesas, elas podem tirar as máscaras. São seis pessoas por mesa, no máximo. As janelas estão todas abertas.

As pessoas não podem mais se servir no bufê de saladas, porque não podem colocar as mãos nos mesmos utensílios que outras.

Mas preparamos 12 saladas diferentes e levamos até elas.

Eram 45 mesas em Moema antes da epidemia. Estamos agora com 22 mesas. O restaurante pode receber 300 pessoas mas, com as novas regras da reabertura, está hoje com 130 lugares.
No primeiro dia, recebemos 83 clientes. Está bom para os padrões pós-pandemia. Mas, em dias normais, recebíamos o dobro disso. Por baixo. E agora estamos funcionando apenas para o almoço, das 11h30 às 17h30.

Para essa unidade, recontratamos 15 funcionários que se somaram aos oito que atravessaram a pandemia conosco [sem serem demitidos]. No total, foram 23. Antes da epidemia, 65 pessoas trabalhavam na casa.

Vocês estão seguros de que a reabertura vai ser definitiva?
É um grande risco porque vimos que nos EUA e na Europa houve uma segunda onda da pandemia. E restaurantes que abriram tiveram que fechar novamente. É um temor de todos os restaurantes, é um temor enorme. Como faz se não der certo? Recontratamos agora as pessoas, e depois fechamos outra vez?​

A Fogo de Chão demitiu 420 funcionários no começo da pandemia e acabou virando um dos símbolos do que seria uma insensibilidade, de empresários que só pensam no lucro. Como foi aquele momento, por que vocês tomaram uma decisão tão drástica?
Quando começou a pandemia no Brasil, ficou óbvio, vendo o que aconteceu na Ásia, na Europa, nos EUA, que não seria coisa de um mês. E que uma churrascaria como a nossa iria sofrer.
A primeira coisa foi pensar em como poderíamos transformar essa viagem para que a empresa ficasse viável.

As medidas tomadas foram as que melhor respondiam ao momento. Tivemos uma queda de 90% no faturamento. Como poderíamos manter todos os funcionários de forma indefinida, sem funcionar?
Fico contente que a Justiça tenha entendido isso [depois de decisões que ordenavam a reintregração de funcionários e de outras que davam razão à empresa, a corregedoria-geral do Tribunal Superior do Trabalho afastou a liminar que proibia demissões].

Foram demitidos 420 funcionários. Ficamos com 75 pessoas na operação e dez nos serviços de escritório.​

Eles [os que foram dispensados] ganharam todos os direitos, FGTS, verbas rescisórias, receberam seguro desemprego. E agora vamos recontratá-los.

Tudo vai depender da velocidade do retorno da clientela.

Agora, com a reabertura, eu acredito que vamos voltar a contratar 80, 90 funcionários em duas semanas.

A empresa passou uma imagem de insensibilidade.
A Fogo de Chão não seria uma empresa de 40 anos, com funcionários que têm 20, 30 anos de casa, se fosse assim. Ao longo dos anos, a empresa cresceu e os funcionários cresceram junto. O maior ativo da Fogo de Chão são eles.

Mas como poderíamos fazer, com zero por cento de faturamento? Fomos forçados [a demitir]. Mas, mesmo com uma situação desafiadora, já queríamos voltar a estar com os clientes e com a nossa equipe. Esse sempre foi o nosso objetivo.​

Vocês ficaram com medo de quebrar?
Não é uma questão de quebrar, é que não fazia sentido empresarialmente.

Passou pela cabeça de vocês fechar definitivamente os negócios no Brasil?
Passa pela cabeça. Passa. Todo empresário olha para a situação do Brasil e pensa quanto vai poder reinvestir.

O Brasil foi a origem da empresa, que cresceu, chegou a dez unidades e depois teve que concentrar lojas [hoje, são oito], mesmo antes da pandemia. Tínhamos um plano de expandir [as unidades] e obviamente vamos ter que reavaliar. Vai depender do retorno dos clientes.

Muitos restaurantes vão reduzir, alguns vão deixar de existir.

A pandemia foi um asteroide sobre nós. Algo sem precedentes. Só empresas preparadas vão conseguir seguir e ter estabilidade financeira para se expandir no médio prazo. Nesses tempos de Covid-19, nada se escreve em pedra. É uma análise dia a dia, hora a hora.

Mas vamos lugar até o fim para reabrir as lojas e ter todos os clientes e os funcionários de volta.

QUARENTENA

com BRUNO B. SORAGGI, BIANKA VIEIRA e VICTORIA AZEVEDO

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