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'Maldivas é o meu trabalho mais forte como atriz', diz Manu Gavassi

Atriz e cantora fala sobre trabalho na Netflix e volta aos palcos com a turnê 'Eu Só Queria Ser Normal'

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A cantora e compositora Manu Gavassi Gabriela Schimdt/Divulgação

Atriz, cantora, compositora e diretora criativa, mas não influenciadora digital. Mesmo com os seus 15,4 milhões de seguidores no Instagram, Manu Gavassi, 29, dispensa o rótulo e a função. Ter que expor a sua rotina nas redes sociais não é algo que faça os olhos dela brilharem.

"Eu acho que a minha parte mais legal são as minhas criações, não o meu dia a dia", explica. "O meu dia a dia, na verdade, é bastante simples. Eu lavo bastante louça para alguém que mora sozinha", completa ela, entre risos.

Dois anos depois de virar fenômeno justamente com uma estratégia que uniu a sua participação no Big Brother Brasil 20 a uma série de vídeos que deixou gravados para serem publicados enquanto estava confinada no programa —foram mais de cem—, ela diz que só agora o seu público entendeu que não, ela não vai fazer do Instagram um reality da sua vida nem ser a rainha das dancinhas no TikTok.

"Naturalmente, se eu quiser mostrar um pouco do meu dia, quiser aparecer e falar alguma coisa, vou fazer isso. Mas deixei claro que eu tenho uma carreira que me cobra muito", diz. "Do tempo que eu tenho para a minha vida pessoal, tenho que prezar para ter sanidade mental e continuar fazendo o que faço bem", justifica.

Manu costuma ser discreta, por exemplo, sobre o seu relacionamento amoroso com o modelo Julio Reis. "Talvez seja um caminho reverso, um movimento diferente do que a minha geração está fazendo. Mas acho que faz muito sentido para mim, para a minha profissão e para como eu me cobro para fazer tudo muito bem", diz.

Para Manu, é um peso gigantesco exigir dos artistas que, além de se dedicarem aos seus projetos profissionais, se exponham constantemente nas redes sociais em busca de seguidores e engajamento. "Outros artistas vêm me dizer que o que eu estou fazendo é um sonho. Porque realmente a gente já trabalha tanto, e ainda [ter que] se sentir cobrado a mostrar tudo nas redes acaba sendo uma carga desumana."

Manu Gavassi é capricorniana com ascendente em Virgem, o que explicaria, segundo ela, seu empenho para que tudo saia exatamente como planejou. A dedicação vem acompanhada de um sentimento de sobrecarga. Mas já foi pior. "Estou aprendendo a delegar funções", diz.

Ela conta que resolveu ouvir os "sábios conselhos do pai", o radialista Zé Luiz. "Ele me falou: ‘Filha, você vai ficar doente desse jeito. Você não precisa ser genial 100% do tempo. Se você for genial 80%, isso já é uma carreira linda’", relembra, rindo.

"Você tem que realmente escolher as suas batalhas, onde vai se desafiar e buscar esse fator a mais que a gente busca no perfeccionismo, e, onde está tudo certo, fazer simplesmente o seu trabalho."

Longe das apresentações desde 2019, Manu sai em turnê pelo país a partir do próximo dia 22 deste mês. Encarar o palco é uma dessas tarefas em que ela se cobra muito. "Sempre fui muito medrosa para show", admite. Como tem uma carreira multifacetada, ela diz que nunca conseguiu se dedicar exclusivamente a esta função.

"Acho que quando você, a maior parte da vida, faz shows, você se acostuma com isso, vira uma zona de conforto, um lugar de segurança", diz. "Sinto que eu nunca tive isso porque faço muitas outras coisas."

"É sempre um susto, um grande nervosismo", afirma. Com as apresentações de "Eu Só Queria Ser Normal", nome dado à sua turnê, ela quer tirar um "pouco desse peso". A maratona de shows revisita o trabalho de Manu como cantora e compositora —ela trabalha com música desde os 16 anos e tem quatro álbuns lançados.

"Estou tentando tirar um pouco do medo e tudo que eu me cobro e tentar me divertir em cima do palco para realmente fazer essa homenagem à minha história e ao meu público, que me acompanha há tanto tempo."

Será uma chance também de encontrar novos fãs, conquistados durante a sua estadia no BBB 20. "O que aconteceu no Big Brother foi quase uma ilusão porque eu não pude realmente interagir com as pessoas depois de sair do programa. Acho que vai ser uma oportunidade linda de olhar no olho dessas pessoas e de conhecer muita gente pelo Brasil afora que passou a gostar de mim", pontua ela.

Antes de voltar aos palcos, Manu apresentou em junho outra versão sua ao público: a atriz. Ela é uma das protagonistas de "Maldivas", série da Netflix, em que interpreta a controladora Milene. "Foi uma oportunidade de me mostrar mais como atriz, das pessoas entenderem que ‘não é uma gracinha’ [atuar]", diz ela, em referência ao seu álbum chamado "Gracinha", lançado em 2021.

Até então, o seu trabalho mais conhecido na área tinha sido em "Malhação", em 2014. "O meu tempo como atriz é dividido com tantas outras coisas que eu não falo a quantidade de ‘sim’ [ que gostaria para propostas na área] e não me dedico da maneira que eu queria me dedicar a essa profissão."

Na comédia da Netflix, Milene é a síndica do fictício condomínio de luxo Maldivas, onde uma mulher morre em um misterioso incêndio. "Até hoje foi o meu trabalho mais forte como atriz e, talvez, o único em que eu me senti completamente satisfeita", afirma.

A personagem é cheia de contradições, diz Manu. À primeira vista, ela tem tudo para ser odiada: é arrogante e debochada. "Depois que você a conhece mais, você fala: ‘Ai, coitada. Me identifico com a dor dessa mulher."

Milene está em um relacionamento conturbado com o cirurgião plástico Victor Hugo (Klebber Toledo), que a submeteu a várias transformações físicas. "Ela vive como bonequinha desse homem, mas nem assim consegue chamar a atenção dele. Nem tendo se mudado inteira para ele."

Para fazer o papel, Manu conta que o seu maior desafio foi se encontrar segura como atriz. "Sou uma pessoa que tenho uma naturalidade no jeito de falar que me fez cumprir bem as funções de atriz até hoje, mas acho que existia uma força na Milene que eu queria ter em mim para representá-la. E essa foi a parte mais difícil: encontrar essa força dentro de mim."

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