Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

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Descrição de chapéu ataque à democracia

Bolsonaro diz que eleição de 2022 é página virada em sua vida e que tomou morfina antes de compartilhar vídeo

Ex-presidente prestou depoimento à PF nesta quarta-feira (26)

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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) falou, em depoimento à Polícia Federal (PF) nesta quarta-feira (26), que considera as eleições de 2022 uma página virada em sua vida. Afirmou, ainda, que havia tomado morfina por causa de uma obstrução intestinal pouco antes de publicar um vídeo com ataques contra as urnas, replicado em seu perfil no Facebook dois dias após os atos golpistas de 8 de janeiro.

A coluna obteve acesso ao termo de declarações do depoimento concedido pelo ex-mandatário. De acordo com o documento, Bolsonaro disse que "repudia e condena todo e qualquer ato que vise abalar a ordem democrática" e que, durante o seu mandato, "sempre atuou dentro das 'quatro linhas' da Constituição Federal".

O ex-presidente Jair Bolsonaro ao deixar a sede da Polícia Federal, em Brasília, onde prestou depoimento - Pedro Ladeira/Folhapress

O ex-chefe de Executivo foi intimado a depor à PF por ter compartilhado o vídeo contendo ataques ao processo eleitoral dois dias depois da invasão às sedes dos Três Poderes. A postagem foi apagada pouco depois de ser tornada pública.

Bolsonaro também é investigado no inquérito dos atos golpistas por ser supostamente um de seus autores intelectuais.

Ao longo de seu mandato (2019-2022), o ex-presidente acumulou declarações de cunho golpista e, ao perder as eleições, além de não reconhecer o resultado, incentivou apoiadores a permanecerem em acampamentos que pediam às Forças Armadas uma intervenção federal que impedisse a posse do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Questionado nesta quarta-feira pelos interrogadores da PF sobre a sua opinião a respeito do processo eleitoral, Bolsonaro disse que nem sequer havia assistido a íntegra do vídeo com ataques às urnas e negou ter emitido qualquer juízo de valor sobre ele.

"Se fosse a intenção divulgar o vídeo para os seus seguidores, o faria em todas as suas redes sociais, e não apenas na sua rede social de menor repercussão [Facebook]", afirmou, segundo o termo de declaração obtido pela coluna.

Jair Bolsonaro acumula 15 milhões de seguidores em sua conta no Facebook, onde a peça foi compartilhada. No Instagram, esse número sobe para 25,3 milhões. No Twitter, por sua vez, cai para 11,3 milhões.

"Em relação ao conteúdo do vídeo, [Bolsonaro] considera a eleição de 2022 uma página virada em sua vida", afirmou ainda o ex-mandatário.

À Polícia Federal, Bolsonaro explicou que passou mal por causa de uma obstrução intestinal na madrugada de 9 de janeiro. Ele teria acionado um médico e ficado internado até o dia seguinte, quando foi medicado com morfina. Um documento com a prescrição médica foi apresentado à PF.

Ao retornar para casa, afirmou ele à corporação, teria visualizado o vídeo que questionava a segurança das urnas por meio do perfil de uma pessoa desconhecida e tentado salvar o conteúdo para assisti-lo na íntegra em outro momento.

Segundo Bolsonaro, foi naquele momento em que um erro acabou sendo cometido: em vez de enviar a postagem para o seu próprio número no WhatsApp, ele teria compartilhado o vídeo em seu perfil oficial no Facebook.

O ex-presidente declarou que apresentará à PF um "vídeo ilustrativo do procedimento de compartilhamento" para provar a sua argumentação. E reforçou que a peça foi postada em seu perfil sem que houvesse real interesse em fazê-lo.

Bolsonaro ainda disse que não tem o hábito de repostar vídeos de pessoas desconhecidas e que foi alertado sobre o erro por terceiros. Afirmou, ainda, que não sabe se a publicação chegou a ser compartilhada ou até mesmo comentada por seus seguidores, já que ordenou que ela fosse excluída logo após tomar ciência da suposta confusão.

Nesta quarta, Jair Bolsonaro permaneceu na sede da PF em Brasília das 8h45 às 11h20. Como mostrou a coluna, o ex-presidente passou a tarde de terça (25) reunido com advogados e assessores para treinar as respostas que daria à Polícia Federal.

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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