O Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro) e a Associação Nacional de Juristas Islâmicos (Anaji) fizeram uma representação criminal e notificaram extrajudicialmente a Igreja Vintage, , após seu líder associar crenças não cristãs ao demônio.
Em pregação aos fieis, gravada e publicada nas redes sociais na semana passada, o pastor Jack afirmou que religiões afro, budistas e islâmicas prometeriam paz, prosperidade e salvação, mas entregariam sofrimento e falsas promessas.
"Religiões afro são satânicas. Budismo, demoníaco. Islamismo, demoníaco. Entenda você que os demônios sempre farão promessas para você. Os demônios fazem promessas —e, primeiro, promessas de poder. 'Ah, se eu fizer tal coisa, se eu fizer tal trabalho'. Umbanda, batuque é demônio. 'Ai, mas isso é por questão racial'. Não. Religiões afro são satânicas", afirmou Jack.
"Podemos voltar com as pregações dos anos 1990? Podemos, Vintage? Ou você tem medo ainda? Eles fazem promessa de poder, mas entregam derrota", disse ainda.
Na notificação e na representação, o Idafro e a Anaji apontam que o conteúdo é "difamatório, degradante, discriminatório e criminoso" —e pedem que ele seja removido. Uma notificação também foi enviada à Meta, empresa responsável pelo Instagram.
As entidades destacam que a repercussão da gravação entre centenas de milhares de pessoas nas redes sociais incita o desprezo e o ódio às religiões citadas, e que o comportamento está em desacordo com a Constituição e com tratados internacionais dos quais o Basil faz parte.
"Cristalinas, induvidosas e inequívocas, as mensagens induzem o receptor a concluir que islamismo, afro-religiosidade e budismo, coletividades que agregam milhões de brasileiros, seriam responsáveis por sofrimento, pobreza, insucesso pessoal, mortes e farsas", afirmam no documento.
"A reiteração de vitupérios tais como 'demônio', 'satanás' e 'mundo espiritual maligno' associadas às religiões islâmicas, afro-brasileiras e budistas refoge flagrantemente à narrativa proselitista, degenerando para o discurso de ódio religioso censurado constitucionalmente e reiteradamente reprimido por nossos tribunais", apontam ainda.
Na notificação, o Idafro e a Anaji pedem que o vídeo com a pregações e outras versões deles que circulam nas redes sociais sejam excluídas dentro de 24 horas. Procurada, a Igreja Vintage não respondeu até a publicação deste texto.
com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH
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