Mônica Bergamo

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Cartório de SP exige que terreiro apresente nome em português para se registrar

OUTRO LADO: Unidade afirma que era necessário indicar o objetivo social da pessoa jurídica no nome do templo

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Um cartório da cidade de São Paulo vetou que um babalorixá registrasse um templo de candomblé como "Ile Dangbe Ase Kankofo Ife", nome de origem africana que significa "Casa de Osumarê Raiz Filho de Ogum".

De acordo com uma nota devolutiva emitida pelo 7º Cartório Oficial de Registro de Títulos e Documentos e Civil de Pessoa Jurídica da Capital, "a língua portuguesa é o idioma oficial da República Federativa do Brasil" e, portanto, seria necessário "adequar a denominação social da pessoa jurídica" para o idioma.

Mãos negras amassam ervas em preparação no terreiro Ilê Omolu Oxum, em São João de Meriti
Ervas em preparação no terreiro Ilê Omolu Oxum, em São João de Meriti - Reprodução

Advogados do Instituto de Defesa dos Direitos das Religiões Afro-Brasileiras (Idafro) afirmam que a exigência é discriminatória e que irão apresentar à Justiça uma representação criminal contra a repartição.

Procurado pela coluna, o cartório afirma, por sua vez, que era necessário indicar o objetivo social da pessoa jurídica no nome do templo —em vez de "Ile Dangbe Ase Kankofo Ife", nomeá-lo na documentação como "Templo" ou "Associação Ile Dangbe Ase Kankofo Ife", por exemplo.

De acordo com o advogado Hédio Silva Jr., coordenador do Idafro, o fundador do terreiro e babalorixá Emerson Gomes de Oliveira enfrenta, desde o ano passado, sucessivas exigências do cartório. Ele ainda questiona se denominações religiosas de outros segmentos já enfrentaram o mesmo tipo de questionamento por parte de registradores ou notários.

"Já estamos preparando representação criminal contra o Oficial e outra para o Conselho Nacional de Justiça. Enquanto os tribunais e associações não adotarem medidas preventivas, concretas e perenes para a superação deste estado de coisas, seremos obrigados a acionar a Justiça", afirma Silva.

De acordo com o advogado, o Idafro já registrou diversos outros casos semelhantes de terreiros que enfrentaram dificuldades ao tentar a sua regularização civil. Uma ação sobre o tema apresentada em 2021 ao Tribunal de Justiça de São Paulo pela entidade e pela Defensoria Pública paulista aguarda julgamento.


TERCEIRO SINAL

O ator Diogo Vilela recebeu convidados na estreia do musical "Cauby, uma Paixão", no Teatro Liberdade, em São Paulo, na semana passada. A atriz Adriana Lessa marcou presença no evento. A cantora Simaria também passou por lá. No espetáculo, Vilela interpreta o cantor Cauby Peixoto (1931-2016).

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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