Mônica Bergamo

Mônica Bergamo é jornalista e colunista.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Mônica Bergamo

Arquidiocese volta a defender padre Júlio e condena postura de presidente da Câmara Municipal de SP

Milton Leite (União Brasil) disse que denúncias contra o religioso são 'graves' e que caso seja levado ao Vaticano

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

A Arquidiocese de São Paulo saiu, mais uma vez, em defesa do padre Júlio Lancellotti e divulgou uma nota em que rebate acusações feitas pelo presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite (União Brasil).

O vereador afirmou à coluna mais cedo nesta sexta-feira (5) que recebeu acusações "de extrema gravidade" contra o pároco e que iria levá-las ao Vaticano. Apesar de afirmar que são graves, Milton Leite não diz a que se referem. Os ataques de vereadores ao religioso têm sido criticados por diversos setores da sociedade.

O padre Julio Lancellotti durante exibição do filme "O Que Nos Espera", feito em sua homenagem, em São Paulo - Marlene Bergamo - 12.ago.2023/Folhapress

A Arquidiocese afirma que "desconhece as supostas acusações" e "lamenta não ser informada devidamente por quem diz ter informação de supostos ‘fatos gravíssimos’ referentes a um padre pertencente à Arquidiocese de São Paulo, que tem todo interesse em conhecer os supostos fatos".

"Lamenta igualmente que uma questão suposta, ainda a ser verificada, seja instrumentalizada politicamente", segue a nota do órgão da Igreja Católica.

O padre Júlio é alvo da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) das ONGs, proposta pelo vereador Rubinho Nunes (União Brasil), que pode ser instalada a partir de fevereiro na Casa. Milton Leite disse à coluna que não irá comentar a iniciativa até que os fatos sejam esclarecidos.

"Peço um pouco de paciência. Vou aguardar que a primeira denúncia contra o padre chegue ao Vaticano, que está sendo providenciada. Tanto lá quanto no Ministério Público estadual [de São Paulo] e na CNBB [Confederação Nacional dos Bispos do Brasil]", afirmou o parlamentar.

"Quando as denúncias contra ele, que são de extrema gravidade, forem protocoladas, vou me manifestar. Até lá, eu vou aguardar a reunião do colégio de líderes [que ocorrerá no retorno do recesso do Legislativo paulistano]."

Procurado pela coluna, o padre Júlio enviou reportagem da revista Piauí, publicada em 2022, que revelou que integrantes do MBL (Movimento Brasil Livre) usaram um perfil falso para forjar uma acusação de pedofilia contra o pároco.

A trama visava turbinar a candidatura do hoje ex-deputado Arthur Do Val, o Mamãe Falei, a prefeito, segundo relatos dados à Piauí. O vereador Rubinho Nunes já foi integrante do MBL, mas deixou o movimento em outubro de 2022.

À coluna o autor da CPI diz que recebeu novas acusações após a repercussão do caso.

"Recebi denúncias graves e solicitei a peritagem do material. Depois que eu tiver laudo de especialistas atestando a veracidade [do conteúdo] é que eu vou levar o caso às competências superiores", afirma Rubinho, sem revelar o teor das acusações.

"Do contrário, todo o material será destruído, para que ninguém tenha acesso. Não tenho interesse em prejudicar a imagem de ninguém, muito menos da Igreja Católica, pela qual tenho profundo respeito."

Rubinho protocolou o pedido de abertura da CPI em dezembro, com assinaturas de 24 vereadores, e recebeu sinalização positiva de parte da cúpula da Câmara sobre sua instalação em fevereiro.

Nesta semana, diante da forte repercussão contra a comissão, alguns deles passaram a retirar o apoio. Como mostrou a Folha, ao menos sete parlamentares já retiraram suas assinaturas. A proposta de criação da comissão ainda precisa ser apreciada no colégio de líderes e em plenário para que seja instalada.

Até mesmo o presidente Lula (PT) saiu em defesa do padre Júlio.

O petista afirmou que graças a Deus "o país tem pessoas como o religioso" e que o trabalho dele e o da Diocese de São Paulo são "essenciais" para assistir a população em situação de vulnerabilidade social.

A Arquidiocese de São Paulo já havia saído em defesa do padre Júlio na noite de quarta (3) e disse que acompanha a ofensiva "com perplexidade".

Na CPI, Rubinho Nunes pretende investigar o Centro Social Nossa Senhora do Bom Parto, conhecido como Bompar, e o coletivo Craco Resiste. Ambos atuam junto à população em situação de rua e a dependentes químicos da região central da cidade, assim como o padre Júlio.

A Bompar é uma entidade filantrópica ligada à Igreja Católica e que já teve o padre Júlio como conselheiro. Já a Craco Resiste atua contra a violência policial na região da cracolândia.

Em dezembro, o pároco disse ao Painel que não tem qualquer incidência sobre as entidades e não atua em projetos conjuntos com elas. Ele ainda afirmou que não é do conselho da Bompar há 17 anos e que ocupava uma posição sem remuneração no conselho deliberativo da entidade.

Veja, abaixo, a íntegra da nota da Arquidiocese:

"A Arquidiocese de São Paulo, através da sua assessoria de imprensa, informa que desconhece as supostas acusações às quais se referem o Presidente da Câmara Municipal, Milton Leite, e o vereador Rubinho Nunes. Lamenta não ser informada devidamente por quem diz ter informação de supostos 'fatos gravíssimos' referentes a um padre pertencente à Arquidiocese de São Paulo, que tem todo interesse em conhecer os supostos fatos. Lamenta igualmente que uma questão suposta, ainda a ser verificada, seja instrumentalizada politicamente."

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.