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Entidades judaicas condenam 'ofensiva cruel' de Israel e ameaça a Rafah em carta a embaixador no Brasil

Grupo pede cessar-fogo imediato do conflito

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Seis entidades judaicas elaboraram uma carta endereçada ao embaixador de Israel no Brasil, Daniel Zohar Zonshine, em que dizem repudiar "a ofensiva cruel e violenta" conduzida pelo governo de Binyamin Netanyahu em Gaza.

Os coletivos afirmam que estão "alarmados com a iminência de um ataque" a Rafah. A região, que faz fronteira com o Egito, se transformou em um dos últimos refúgios para aqueles obrigados a deixar suas casas à medida que as tropas israelenses se deslocavam do norte da faixa em direção ao sul.

Campo de refugiados palestinos em Rafah, no extremo sul da Faixa de Gaza - Bassam Masoud/Reuters

O grupo também pede um cessar-fogo imediato. Entre os signatários do documento estão os coletivos Judias e Judeus pela Democracia, Casa do Povo, Amigos Brasileiros do Paz Agora e Coletivo de Mulheres Me Dê a Mão.

Eles ainda dizem que estão "consternados com a aparente falta de prioridade demonstrada por certos membros do gabinete Netanyahu em relação ao retorno seguro dos reféns" mantidos pelo grupo terrorista Hamas.

"Assim como condenamos o brutal ataque terrorista perpetrado pelo Hamas em 7 de outubro do ano passado, [...] repudiamos com indignação a ofensiva cruel e violenta perpetrada pelo exército israelense em Gaza", afirma a carta.

E segue: "Solicitamos que o governo de Israel e seus representantes ajam com a máxima responsabilidade internacional, para não inflamar ainda mais a política nacional ou ser exploradas por forças políticas anti-democráticas".

No domingo (10), o primeiro-ministro israelense disse que pretende seguir em frente com a invasão de Rafah. A declaração de Netanyahu, publicada em entrevista ao conglomerado de mídia Axel Springer, foi vista como uma resposta a uma fala do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na véspera.

Na ocasião, o americano afirmou que a abordagem do premiê em relação à guerra "mais prejudicava do que ajudava" Israel e disse que Rafah representava "uma linha vermelha", um limite intransponível à ação de Tel Aviv.

Veja, abaixo, a íntegra da carta das entidades judaicas:

"Exmo. Sr. Daniel Zohar Zonshine

Nós, representantes de entidades judaicas atuantes no Brasil, expressamos nossa profunda preocupação em relação aos desdobramentos da atual incursão militar conduzida por Israel em Gaza. Especificamente, mas não só, estamos alarmados com a iminência de um ataque a Rafá, que representa o último refúgio naquela região.

Além disso, estamos consternados com a aparente falta de prioridade demonstrada por certos membros do gabinete Netanyahu em relação ao retorno seguro dos reféns mantidos pelo Hamas, bem como com as declarações imprudentes desses representantes, especialmente do Ministro das Relações Exteriores. Tais declarações nã oapenas desumanizam os palestinos, mas também comprometem as boas relaçõeshistoricamente mantidas com o governo brasileiro, além de colocar em risco a segurança da comunidade judaica em todo o mundo.

Senhor embaixador, apesar da multiplicidade de nossos posicionamentos, hoje nos unimos para fazer um apelo urgente ao governo de Israel: instamos que todos os esforços sejam envidados em prol de um cessar-fogo imediato e de uma solução negociada para o atual conflito, incluindo o retorno seguro e imediato dos reféns mantidos pelo Hamas. Assim como condenamos o brutal ataque terrorista perpetrado pelo Hamas em 7 de outubro do ano passado, lamentando as vidas ceifadas e expressando nossa profunda solidariedade com israelenses que foram violentadas, que perderam ou tiveram seus entes queridos sequestrados, repudiamos com indignação a ofensiva cruel e violenta perpetrada pelo exército israelense em Gaza.

Além disso, solicitamos que o governo de Israel e seus representantes ajam com a máxima responsabilidade internacional, para não inflamar ainda mais a política nacional ou ser exploradas por forças políticas anti-democráticas, insuflando o antissemitismo e sua instrumentalização. Tais ações não apenas nos enfraquecem no Brasil, mas também contradizem os princípios do trabalho diplomático."

com BIANKA VIEIRA, KARINA MATIAS e MANOELLA SMITH

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