Nelson Barbosa

Professor da FGV e da UnB, ex-ministro da Fazenda e do Planejamento (2015-2016). É doutor em economia pela New School for Social Research.

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Nelson Barbosa

Há luz no fim do túnel

Apesar dos desafios econômicos e políticos pela frente, houve grandes avanços na última década

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

É natal e resolvi escrever um texto positivo para encerrar 2020.

Tivemos e temos vários desafios econômicos e políticos pela frente, mas também houve grandes avanços na última década, fruto de investimentos e trabalho de várias pessoas, no governo e no setor privado.

Para dar um exemplo de avanços de governo, nesta semana a Folha reconheceu (do seu jeito) a inclusão social promovida pelos governos do PT em nossas universidades. Falo da matéria: “Negros estão na faculdade, e não (só) para fazer faxina”, que menciona a Lei 12.711 de 2012 (Governo Dilma).

Segundo o texto da lei: “As instituições federais de educação superior vinculadas ao Ministério da Educação reservarão, em cada concurso seletivo para ingresso nos cursos de graduação, por curso e turno, no mínimo 50% (cinquenta por cento) de suas vagas para estudantes que tenham cursado integralmente o ensino médio em escolas públicas.”

A Lei 12.711 diz, ainda, que dos 50% destinados a estudantes de escola pública, metade deve ser reservada para “estudantes oriundos de famílias com renda igual ou inferior a 1,5 salário-mínimo per capita”.

Seis anos depois, segundo outra matéria da Folha: “Pela primeira vez, há mais pretos e pardos no ensino superior público no Brasil do que brancos, (...) Os dados, da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD), são de 2018 e apontam 50,3% de pretos e pardos nas universidades públicas brasileiras. Apesar do aumento, ainda havia subrepresentação do primeiro grupo —na população em geral, 55,8% são negros (pretos e pardos, pelo critério do IBGE).”

Outra boa notícia da década 2011-20 veio do setor de energia, fruto de investimentos de empresas com incentivo governamental. Falo da queda do custo de fontes de energia renovável, sobretudo de energia solar e eólica nos últimos 10 anos.

Em texto no site “Our World in Data”, Max Roser relata que, de 2009 a 2019, houve queda de 89% do custo de geração de energia solar, e de 70% de energia eólica. As estatísticas consideram o valor do investimento (Capex) e despesas correntes (Opex) para construir novas usinas sem subsídio.

Para os leitores interessados, o texto de Rose detalha como foi possível reduzir o custo de geração solar e eólica tão rapidamente, mas isto não é novidade na história humana.

Novas tecnologias tendem a começar caras (lembrem dos primeiros telefones celulares) e depois se tornar baratas devido a economias de escala (aumento do volume de produção) e de aprendizado (aperfeiçoamento do processo produtivo), além de novas inovações ao longo do processo.

No caso da energia, chegamos ao final desta década com usinas solares e eólicas tendo implantação mais barata do que usinas que queimam combustíveis fósseis (carvão, petróleo e gás). O mercado já reagiu à mudança de custo. Segundo Roser, fontes renováveis responderam por 72% da expansão de capacidade de geração elétrica no mundo em 2019.

A queda dos preços de fontes renováveis de energia cria esperança de um desenvolvimento mais sustentável. Além disso, a reconversão da matriz energética do mundo para fontes mais renováveis também oferece oportunidades de investimento e geração de emprego aos países que souberem aproveitar seu potencial na nova tecnologia.

O Brasil tem grande potencial para avançar nas duas frentes, eólica e solar, fornecendo energia barata para a agricultura, indústria e serviços, e gerando milhões de empregos na transição entre tecnologias com, espero, com inclusão social.

Feliz natal a todos!

LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar cinco acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

  • Salvar artigos

    Recurso exclusivo para assinantes

    assine ou faça login

Tópicos relacionados

Leia tudo sobre o tema e siga:

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.