Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

Salvar artigos

Recurso exclusivo para assinantes

assine ou faça login

Nelson de Sá
Descrição de chapéu Eleições 2018

Economist pede que instituições resistam à 'tragédia' Bolsonaro

Revista ataca o 'fã de Pinochet' Paulo Guedes, que defende ideias contrárias a Adam Smith, 'o pai da economia liberal'

A diferença está “estreitando”, como noticiou o New York Times, com Reuters, mas a Economist, em mais um editorial sobre o Brasil, já pensa na futura oposição.

Sob o título “Contendo Jair Bolsonaro”, diz que “um presidente com instintos autoritários precisa ser enfrentando por uma oposição democrática unida”. Que a democracia brasileira é jovem, “mas não fraca”. E que, por exemplo, “a imprensa já está desafiando Bolsonaro, que é o motivo por que, como Trump, ele a acusa de espalhar ‘fake news’”.

Acrescentando Congresso e Judiciário, afirma que as três “instituições podem frustrar alguns dos piores planos de Bolsonaro”. Que “parlamentares, juízes, jornalistas e servidores públicos terão que trabalhar duro para limitar o dano”.

De qualquer maneira, “que um homem assim vá provavelmente liderar o maior país da América Latina é uma tragédia”.

Na Economist, Bolsonaro e a opção pelo positivismo, contra o liberalismo

A edição também traz longa reportagem, quase ensaio, intitulada “Jair Bolsonaro e a perversão do liberalismo”, com a ilustração acima. Critica a tentativa de “reviver o casamento profano da América Latina entre economia de mercado e autoritarismo”, que vem desde que a região abraçou o positivismo.

Diz que ele “é fã de Pinochet” e que “Paulo Guedes também é” —ele que “deu aulas na Universidade do Chile” sob comando de um economista do ditador e que agora propõe um IR unificado, sendo que “Adam Smith, o pai da economia liberal, defendia imposto progressivo”.

Lembra que, no Chile, “o resultado foi economia dominada por poucos conglomerados, altamente endividada em dólar e centrada em bancos privados”.

TRAGÉDIA 2

A Reuters deu rara coluna sobre o Brasil, assinada por Dom Philips, dizendo que um governo Bolsonaro “pode derrubar a visão do mundo sobre o Brasil”. Que “não são os anos 1970” e o isolamento seria grande. E que ele pode se ver “presidindo um país que virou tragédia”.

AMEAÇA À DEMOCRACIA? NÃO

O Financial Times, de cobertura mais simpática ao candidato, destacou: “Bolsonaro põe em risco a democracia do Brasil?”. A longa reportagem se estende por entrevistados respondendo que não, caso do professor de América Latina da escola de guerra do exército dos EUA, Evan Ellis:

“Os militares serão os primeiros a rejeitar as tentativas de usá-los de maneiras que vão além de sua autoridade constitucional.”

PT CONTINUA

Em texto posterior e menor, o FT diz que, “com todos os seus problemas, o PT não pode ser apagado” do país, listando a mensagem de maior igualdade social, a máquina "formidável" e até o fato de ser beneficiado, na oposição a Bolsonaro.

POUCO EMPREGO, MUITA RAIVA

O Wall Street Journal, linkado pelo Drudge Report, ambos veículos de referência da direita americana, foram mais descritivos às vésperas da votação. Com foto de Bolsonaro, a chamada em ambos foi: “Com pouco emprego e muita raiva, brasileiros vão às urnas”.

Em contraste, o esquerdista francês Libération publicou títulos como “Apocalypse Now!”, sobre o Brasil de Bolsonaro.

SACRÁRIO

A Bloomberg entrou na sala de Eduardo Bolsonaro, fotografou e deu enfatizando que a família tem "um sacrário para a NRA", o lobby de armas dos EUA.

Também para os presidentes americanos George Washington, em imagem de quando era general, Ronald Reagan e Donald Trump, este com um chaveiro de pistola, junto ao livro "Amazônia Azul: A Última Fronteira", publicado pela Marinha do Brasil (foto acima).

Erramos: o texto foi alterado

Diferentemente do que afirmou nota da coluna Toda Mídia de 26/10, o livro "Amazônia Azul: A Última Fronteira" não é sobre a Amazônia, mas sobre a Amazônia Azul, como é chamado o território marítimo brasileiro. O texto já foi corrigido. 

Tópicos relacionados

Comentários

Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.