Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Nelson de Sá
Descrição de chapéu Eleições 2018

Em horas, Bolsonaro vai de 'grande vitória' a 'fracassa em assegurar'

Candidato 'perfurou um poço de ressentimento em relação ao establishment', diz NYT

Na Globo, William Bonner e Renata Lo Prete só foram “chamar” o segundo turno às 20h50. O jornalismo da emissora conteve o anúncio o quanto pôde, apesar da pesquisa de boca de urna do Ibope —que às 19h, na própria Globo, havia apontado para segundo turno.

Só então, passando das 21h, o New York Times notificou que a “Eleição no Brasil vai para segundo turno conforme candidato de extrema direita cai aquém da vitória imediata por pouco”.

No exterior, o vaivém de palavras confundiu o final do domingo. A Reuters abriu a noite dizendo, em título, que “aumentam esperanças do direitista de vencer no primeiro turno”. Mas às 19h30 despachou título já “chamando”, ou seja, dando como certo que era o oposto: “Eleição no Brasil vai para segundo turno, Bolsonaro vs. Haddad”.

E o espanhol El País deu susto um minuto depois, às 19h31, com a seguinte notificação: “O candidato extremista Bolsonaro alcança uma grande vitória no primeiro turno”.

Os enunciados dúbios foram aos poucos sendo trocados, como no Guardian, que passou a destacar na home: “Candidato de extrema direita fracassa em assegurar maioria imediata”. Mas os textos seguiram tortos, adaptados de quando se apostou que Bolsonaro já tinha vencido.

 

CONTRA O ESTABLISHMENT

A cobertura à direita no exterior, de americanos como Drudge Report, Washington Examiner e Axios, mas também de europeus como Le Figaro, se voltou no domingo a explicar “por que” e afirmar como é “compreensível” o favoritismo de Bolsonaro. Em suma, é a “raiva com a classe dirigente” e com a insegurança no país.

POÇO DE RESSENTIMENTO

Mais liberal, o NYT também não vê as coisas de forma muito diferente: “Bolsonaro perfurou um poço de ressentimento em relação ao establishment político”.

O MERCADO, LÁ

O semanário Barron’s, do Wall Street Journal, e o Financial Times trataram de dar voz a bancos como JP Morgan, Citigroup, Goldman Sachs e outros, sobre o que os investidores devem fazer, vencendo Bolsonaro ou Haddad.

O primeiro é “o favorito inesperado do mercado” e traria um “rali” de investimento, mas o segundo também provocaria “um pouco de rali”. Para o Citi, Bolsonaro deve favorecer ações de Petrobras, Banco do Brasil e Itaú. Já Haddad seria vantajoso para os investidores de Vale, Ambev e Ultrapar.

Correspondente canadense dá adeus ao ‘país de sonhos despedaçados’

SEM ESPERANÇA

Manchete nas versões impressa e digital ao longo do domingo, o principal jornal canadense, Globe and Mail (acima), destacou a despedida em primeira pessoa da correspondente na América Latina, Stephanie Nolen, que vai para o México depois de cinco anos no Rio.

Em seu enunciado, “Cheguei a um país cheio de esperança. Não durou”.

VOTO ARMADO

A atriz Patrícia Pillar compartilhou o vídeo bolsonarista, acima, e lamentou.

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