Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Nelson de Sá

Sem Trump, audiência de NYT, WP e CNN 'desaba' em fevereiro

Em relação a janeiro, jornal de Nova York perdeu 17% dos visitantes únicos, o de Washington, 26%; na TV, CNN caiu 45% em cinco semanas

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Em fevereiro, o site do New York Times viu diminuir em 17% o número de visitantes únicos, em relação a janeiro, de acordo com dados da empresa de rastreamento de audiência online ComScore.

No site do Washington Post, a redução foi ainda maior, 26%. Em relação a fevereiro do ano passado, as quedas nos dois jornais foram de 16% e 7%, respectivamente.

Na TV paga americana, na mesma direção, de acordo com dados da empresa de audiência Nielsen, a CNN caiu 45% em cinco semanas. A MSNBC, de alinhamento político semelhante, 26%.

Já a conservadora Fox News, que havia deixado o primeiro lugar entre os canais de notícia no país, acabou retomando o posto em fevereiro. Também perdeu audiência, mas sua queda, em relação aos números que apresentava no início do ano, foi de apenas 6%.

O ex-presidente Donald Trump discursa na Conferência de Ação Política Conservadora (CPAC), em Orlando, na Flórida, em 28 de fevereiro de 2021 - REUTERS

Os números foram informados pelo próprio Washington Post, no texto “Trump previu que a audiência do jornalismo iria ‘afundar quando eu não estivesse mais lá’. Ele não estava errado”.

O jornal destacou que “o tráfego para os sites de notícias mais populares do país, incluindo o WP, despencou”, o que o jornalista de mídia Paul Farhi credita ao ex-presidente, que deixou o cargo em 20 de janeiro:

“Agora que Joe Biden está na Casa Branca e Donald Trump praticamente desapareceu do ciclo de notícias, muitos estão se afastando. De todas as profecias e previsões de Trump —que o México pagaria por um muro de fronteira, que o coronavírus desapareceria espontaneamente, que ele seria facilmente reeleito— pelo menos uma não estava totalmente errada.”

'TRUMP SLUMP'

Se agora encaram um “Trump slump”, uma queda brusca, como diz o WP, os mesmos veículos atravessaram os últimos cinco anos, desde a campanha para a eleição de 2016, num extenso “Trump bump”, solavanco ou choque de alta causado por ele.

Vale para os dois jornais e para CNN e MSNBC, que foram críticos, mas cobrindo passo a passo o ex-presidente e as suas declarações. O NYT, nos cinco anos, partiu de um milhão para seis milhões de assinaturas digitais.

Além da própria saída de cena de Trump, os resultados negativos de fevereiro se devem, em parte, aos recordes de audiência que haviam sido alcançados em janeiro, com a cobertura de acontecimentos como a invasão do Capitólio, no dia 6.

SAUDÁVEL

A queda generalizada de audiência foi recebida com aparente alívio por alguns jornalistas e acadêmicos americanos, em mídia social.

É saudável que não nos sintamos mais compelidos a verificar as notícias várias vezes ao dia”, escreveu Radley Balko, também do WP, dizendo que não ver problema, ainda que ele mesmo passe a ser menos lido.

Jay Rosen, professor de jornalismo na New York University, adaptou um provérbio supostamente de origem chinesa: “Que vivas em tempos menos interessantes”.

REDE TRUMP

O ex-presidente, que foi banido de plataformas como Twitter e Facebook no rastro da violência no Capitólio, confirmou nesta segunda, em entrevista ao podcast de uma jornalista da Fox News, Lisa Boothe, que pretende lançar a sua própria rede social.

“Estou fazendo coisas que têm a ver com colocar a nossa própria plataforma no ar, das quais você ouvirá falar em breve”, disse ele, sem dar detalhes. Um assessor seu havia declarado à Fox News que a nova plataforma, estreando com Trump, será lançada “provavelmente em dois ou três meses”.

O ex-presidente chegou a apresentar uma solicitação formal ao Facebook, para recuperar seu perfil, mas a plataforma não deu previsão de quando vai analisá-la.

NYT GAMES

Entre os veículos atingidos pela queda de audiência, o NYT já começou a se movimentar, segundo a Bloomberg, no texto “Enfrentando desaceleração pós-Trump, NYT está de olho no mercado de games”.

O jornal contratou Jonathan Knight, cocriador de games online como FarmVille, que está agora montando uma equipe de engenheiros, designers e outros para desenvolver jogos mais modernos, além daqueles de palavras cruzadas e ortografia.

O alvo, no caso, não são visitantes únicos, mas assinantes. As assinaturas restritas aos games já oferecidos pelo jornal alcançaram 840 mil, na virada do ano, e são consideradas um atrativo de eventuais leitores.

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