O londrino Daily Telegraph, de onde o jornalista Boris Johnson saiu para virar primeiro-ministro, publicou que o líder britânico telefonou para o colega Joe Biden na manhã em que o Talibã chegou a Cabul.
Não conseguiu ser atendido e só foi receber uma ligação de volta após 36 horas. A desfeita ao aliado de suposta “relação especial” ecoou com destaque do chinês Guancha ao Wall Street Journal.
Na sequência, o governo Johnson liberou a volta das transmissões do canal de notícias chinês CGTN no Reino Unido; e avisou que a proposta de compra da empresa britânica de chips Arm, pela americana Nvidia, traz “sérias preocupações sobre concorrência” e pode ser vetada.
Mais, o ministro do exterior britânico ligou para o colega chinês e saudou supostos “sinais positivos” nas relações bilaterais, segundo o South China Morning Post. E o próprio Johnson afirmou, na manchete do Times londrino, que está tendo de “administrar as consequências” da decisão “enfática” de Biden de deixar o Afeganistão às pressas.
Como ele, a alemã Angela Merkel lamentou publicamente e teria dito em reunião, segundo a Deutsche Welle, que a decisão de Biden se devia em parte a “razões políticas internas” dos Estados Unidos.
Partiu em seguida para Moscou, onde conversou por três horas com Vladimir Putin no Kremlin, pedindo que nas negociações com o Talibã o governo russo levante a questão da ajuda humanitária.
“Da nossa perspectiva, as pessoas que nos ajudaram, que ajudaram a Bundeswehr [as forças armadas alemãs], elas deveriam poder deixar o Afeganistão”, disse ao lado de Putin, segundo o russo Kommersant.
Também o presidente Emmanuel Macron procurou o colega russo com preocupações semelhantes, em ligação de uma hora e meia, de acordo com o francês Le Monde.
São alguns dos movimentos europeus que levaram o WSJ a afirmar em título de editorial na sexta que “Biden quebrou a Otan”, a Organização do Tratado do Atlântico Norte.
“E outros aliados estão percebendo”, acrescenta o jornal americano, sobre o aviso da presidente taiwanesa de que, “à luz da retirada dos EUA, a única opção é se tornar mais forte, ‘fortalecer a determinação de nos proteger a nós mesmos’”.
DEPARTAMENTOS DE ESTADO
Em sua nova newsletter paga sobre tecnologia (com a ilustração acima, de Daniel Zender), o New York Times avalia que "as potências da internet estão funcionando como Departamentos de Estado descontrolados". E, no Afeganistão, "os executivos não eleitos" de Facebook, Twitter e YouTube se dividiram, desorientados.
Comentários
Os comentários não representam a opinião do jornal; a responsabilidade é do autor da mensagem.