No último final de semana, já com traços do pânico financeiro nos Estados Unidos e pelo mundo, a Caixin atiçou o fogo com a reportagem de capa “Como a Evergrande pode se transformar no Lehman Brothers da China”.
O governo chinês poderia ter evitado o enunciado da revista de Pequim, que é a principal publicação financeira do país, com sites influentes em chinês e inglês, mas não o fez. E a segunda-feira nos mercados globais foi o que se viu, Brasil inclusive.
A Caixin fez outras reportagens na mesma direção. Até o Global Times, ligado ao PC, publicou que a “Evergrande ‘não é grande demais para falir’: analista responde ao hype internacional”. Ou seja, pode falir que não será salva.
Segundo o analista, Cong Yi, professor da Universidade de Tianjin, “o governo orientou o mercado imobiliário em 2016: as casas são para morar, não para especular. A exposição da crise de Evergrande reforça a determinação das autoridades de regular o setor”.
Mais à frente, Cong tirou o pouco de esperança que havia nos mercados e jornais econômicos pelo mundo, dizendo que “um resgate governamental não está de acordo com os princípios do governo para lidar com a volatilidade financeira”.
Em Washington, a Sinocism avaliou desde logo que a comparação com a crise de 2008 era exagerada, que Pequim estava buscando com a incorporadora um ponto de inflexão para uma de suas prioridades, combater riscos financeiros.
(Nas outras duas, pobreza e poluição, já obteve “progresso significativo”, anotou a newsletter voltada à mídia chinesa, parte do Substack.)
Fechando a semana, a calma se instalou nos mercados e jornais econômicos. Na capa do Wall Street Journal, “China ainda atrai investidores” e “Alguns consideram a inadimplência da Evergrande boa para os mercados”.
Na Sinocism, “parece mais claro agora que uma incorporadora insolvente não vai quebrar o mundo” e que “o tratamento da Evergrande é outro sinal de que Xi Jinping é sério quanto a mudar o modelo de desenvolvimento da China”.
Na sexta (24), a nova edição da Caixin abriu outra frente, com reportagem sobre o nepotismo no Grupo HNA, do setor de aviação. Horas depois, acrescentou que o presidente e o CEO tinham acabado de ser presos.
QUASE TRÊS ANOS DEPOIS
O editor do Global Times, Hu Xijin, que montou campanha nos últimos meses pela soltura da executiva Meng Wanzhou, da Huawei, foi contido ao compartilhar em mídia social o acordo fechado com os EUA: "Espero que se torne realidade e que Meng possa recuperar a sua liberdade e retornar à China".
Pouco depois, ela era vista no aeroporto de Vancouver, embarcando (acima). E os dois canadenses presos também há quase três anos na China, Michael Kovrig e Michael Spavor, embarcavam para o Canadá, manchete do Globe and Mail.
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