Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Descrição de chapéu toda mídia

Em 'ascensão estratosférica', TikTok volta a ser ameaçado nos EUA

Além da plataforma chinesa, também o Twitter é alvo da política americana, pela 'cooperação' de Elon Musk com a China

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Das várias datas possíveis para o aniversário do TikTok, o Wall Street Journal escolheu 10 de novembro para marcar nesta semana os cinco anos da plataforma chinesa, com ilustração de foguete e uma história oral de sua "ascensão estratosférica".

Dez entrevistados, entre usuários célebres, funcionários nos Estados Unidos e políticos, "contam como o TikTok se tornou o aplicativo mais popular do mundo". Como ele "explodiu num fenômeno de cultura pop, usado por dois terços dos adolescentes americanos".

Mas também como seu "futuro permanece incerto", ameaçado por Washington. "Uma coisa é certa: o mundo nunca viu algo como o TikTok." De acordo com o New York Times, ele agora é tratado como concorrente pelo Google, por sua ferramenta de busca.

Donald Trump tentou bani-lo do mercado americano há dois anos, sem sucesso, e tudo parecia caminhar para nova tentativa, com a retomada do Congresso pelo Partido Republicano. Mas as urnas, que ainda estão sendo contadas, parecem estar atrapalhando.

Dois republicanos, um senador e um deputado, publicaram também na quinta (10) no Washington Post o artigo "TikTok, acabou o tempo. O aplicativo deve ser banido na América". Seu argumento, sem buscar desculpas menores, é resumido no início do texto:

"Os EUA estão numa nova Guerra Fria com o Partido Comunista Chinês. No entanto, milhões de americanos dependem cada vez mais do TikTok, um aplicativo exposto à influência do PC, para consumir notícias, compartilhar conteúdo e se comunicar com amigos."

O artigo anunciou a apresentação de um projeto de lei para "banir o TikTok e outras redes sociais dos EUA", pelas ligações com o exterior. Mas ele pouco repercutiu, em meio às notícias prevendo que os republicanos continuarão atrás no Senado e pouco à frente na Câmara.

Enquanto isso, alguns de seus concorrentes americanos, reunidos no acrônimo FAANG (Facebook, Apple, Amazon, Netflix e Google), enfrentam neste ano "o fim de uma era", no dizer do WSJ, "a caminho de sua pior perda simultânea" em Wall Street.

Se os republicanos têm por alvo preferencial o TikTok, os democratas fazem o mesmo jogo com o Twitter de Elon Musk. Respondendo a uma pergunta da Bloomberg na última quarta, o próprio presidente Joe Biden declarou ou, à sua maneira, ameaçou:

"A cooperação e/ou as relações técnicas de Elon Musk com outros países merecem ser examinadas. Se ele está ou não fazendo algo inapropriado... eu não estou sugerindo isso. Estou sugerindo que vale a pena examinar. Mas isso é tudo que eu vou dizer."

A Bloomberg dá a entender que foi uma referência à presença de um investidor nascido na China, entre outros estrangeiros, no consórcio reunido por Musk para comprar o Twitter; e ao fato de a montadora Tesla, também dele, tirar 25% das receitas do mercado chinês.

Mais que isso, os próprios planos de Musk para o Twitter, "um aplicativo para tudo", como tuitou há um mês, remetem ao WeChat. Quando iniciou o esforço para comprar a plataforma, projetou sua "conversão" no super app chinês, como falou ao podcast All-In:

"Se você está na China, você meio que vive no WeChat. Ele faz tudo. É meio como o Twitter mais o PayPal, mais um monte de coisas reunidas em uma só, com ótima interface. É realmente um aplicativo excelente, e nós não temos nada assim fora da China."

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