Nelson de Sá

Correspondente da Folha na Ásia

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Nelson de Sá
Descrição de chapéu toda mídia

Árabes se voltam à China para 'um mundo novo e multipolar'

'Autoridades no Golfo se preparam para o que acreditam ser um mundo em que EUA não têm mais um papel central', diz NYT

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Na mídia chinesa como na saudita, a cobertura da cúpula entre os dois países se concentrou num artigo assinado por Xi Jinping no principal jornal da capital, Al Riyadh, em árabe.

Xi deu o enunciado para boa parte do noticiário, ao escrever que "a visita dá início a uma nova era nas relações da China com o mundo árabe, com os países árabes do Golfo e com a Arábia Saudita".

O príncipe e agora também primeiro-ministro Mohammed bin Salman (MBS) chamou outros líderes de toda a região, inclusive o palestino, para se encontrarem com Xi. Especificamente sobre as relações sino-sauditas, a agência oficial de Riad, SPA, despachou que são agora de "parceria estratégia abrangente".

Na primeira página do jornal saudita Al Riyadh, o rei Salman e o líder Xi Jinping - Reprodução

No principal jornal saudita em inglês, Arab News, o destaque foi para o perfil "Como Xi Jinping veio a incorporar um mundo novo e multipolar". Outro, na mesma linha, foi que a visita "ampliará o investimento no corredor China-Paquistão".

O paquistanês Dawn já tinha publicado, semanas antes, que o país havia "assegurado US$ 13 bilhões em apoio financeiro adicional dos dois amigos tradicionais, US$ 9 bilhões da China e US$ 4 bilhões da Arábia Saudita", além de US$ 20 bilhões já acertados.

E o sul-africano Citizen, antes ainda, tinha noticiado que a Arábia Saudita expressou o "desejo de se juntar à família Brics", no momento sob a presidência do sul-africano Cyril Ramaphosa. Os integrantes do bloco vão discutir a entrada em sua próxima cúpula.

'MAIS DO QUE BIDEN'

Na mídia americana, a atenção foi para o tratamento dado a Xi, em contraste com o de Joe Biden.

Na Bloomberg, "Sauditas estendem tapete vermelho para Xi, e Golfo olha para além dos Estados Unidos". Anota que "faz uma década que os EUA deixaram de ser o maior parceiro comercial de Riad", que tem agora a China como "principal cliente".

Ouve, de analista britânico, que "os países do Golfo veem os EUA como um parceiro cada vez menos confiável e querem tirar proveito de um novo cenário multipolar global".

Também o New York Times cobre o encontro apontando "percepção crescente entre autoridades, acadêmicos e empresários na Arábia Saudita e no Oriente Médio de que os EUA são uma superpotência em declínio a longo prazo". Daí a pompa:

"Xi Jinping teve uma recepção mais grandiosa do que Biden. Imagens da recepção de Xi mostraram jatos voando com rastros de fumaça nas cores vermelha e amarela da bandeira chinesa. Ele foi levado à corte real com seu carro, um sedã chinês de luxo, escoltado por cavaleiros carregando bandeiras sauditas e chinesas. O príncipe o cumprimentou com caloroso aperto de mão, contrastando com a saudação de soquinho de Biden."

De maneira geral, diz o NYT, "muitas autoridades no Golfo estão se preparando para o que acreditam ser um mundo multipolar emergente, no qual os EUA não desempenham mais um papel central".

ARMAS CHINESAS VS. AMERICANAS

Em contraste com os US$ 3 bilhões em armamentos americanos que a Arábia Saudita comprou no meio do ano, segundo a Bloomberg, Riad acaba de comprar US$ 4 bilhões em armamentos chineses na feira de Zhuhai (acima, com Xinhua), segundo o South China Morning Post.

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